OS TRÊS PILARES DA FÉ

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Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito, falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5:18-20)

 

Podemos passar pelo menos três claros pilares dentro da fé cristã. Não estou dizendo que sejam necessariamente os únicos, mas todos os outros acabam sendo ou uma consequência destes três, ou um fator que conduz a estes três. Tendo em vista aquilo que nós podemos fazer a Deus (ações) para produzir os frutos no nosso caráter aperfeiçoado (especialmente a fé e a santidade), podemos enumerar principalmente estes três:

 

1. Oração:

 

“Orai sem cessar” (1 Tessalonicenses 5:17)

 

2. Louvor:

 

“Ofereçamos a Deus, sempre, um sacrifício de louvor” (Hebreus 12:15)

 

3. Leitura da Palavra:

 

“Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino” (1 Timóteo 4:13)

 

Esses são os três maiores pilares da fé. Alguém poderia dizer ainda que a santidade é muito importante e também deveria estar incluso ali. Certamente ela é importante tanto quanto (ou até mais) estes outros três; contudo, ela é, assim dizendo, a consequência (fruto) daqueles outros três. Ou seja, por mais que você ore muito, a consequência da sua oração não é o louvor e nem a leitura bíblica. Isso você tem que praticar separadamente (além da oração) em outros momentos do dia. Porém, quando a questão é a santidade, você não tem que separar um tempo para ser santo, você tem que ser santo em todo o tempo! E como é que isso acontece? Isso ocorre como consequencia e resultado daqueles outros três fatores. Dito em termos simples, podemos sumariar que:

 

ORAÇÃO + LOUVOR + LEITURA BÍBLIA = SANTIFICAÇÃO

 

ORAÇÃO LOUVOR LEITURA BÍBLIA = PECADO

 

Além de tudo o que já vimos até aqui, irei dedicar mais um capítulo inteiro apenas para tratar com a questão da busca a Deus acentuando ainda mais fortemente estes três pilares (oração, louvor e leitura bíblica), para que não seja apenas um “achismo” de minha parte, mas sim um fundamento bíblico e cristão. Alguém ainda poderia querer incluir ali no meio, por exemplo, a ida a igreja como um outro pilar ou fator determinante. O problema com isso é que estar dentro de uma igreja não significa necessariamente estar buscando a Deus naquele momento. Alguém, por exemplo, pode cometer as maiores atrocidades dentro de uma igreja!

 

Ir a igreja pode levar a um destes fatores de busca a Deus, mas não necessariamente. Por exemplo, alguém pode ir à igreja e não orar, não louvar, não ler a Bíblia, não prestar atenção na pregação, sair da mesma forma que entrou e esquecer-se do culto em menos de quinze minutos depois de ele ter terminado. Em o que uma pessoa dessas estará sendo edificada? Em absolutamente nada! Por outro lado, é indiscutível que quando estamos em um ambiente de igreja estamos mais constantemente na busca a Deus, seja por meio do louvor ou na instrução na Palavra, ou em vigílias de oração ou evangelismo.

 

Portanto, as idas a igreja é um fator importante, como o autor de Hebreus faz questão de ressaltar (Hb.10:25), mas ele não é em si mesmo uma busca a Deus. Ele pode conduzir a buscar a Deus, mas não é em si mesmo um fator de edificação, visto que alguém pode estar na igreja com o corpo e com a cabeça no mundo da lua, sem estar nem aí para o Senhor. A ida a igreja só é realmente eficaz quando vem acompanhada daqueles outros fatores ressaltados anteriormente. Alguém pode ser grandemente edificado sozinho, quando está em casa. Eu mesmo me sinto muito mais a vontade em buscar mais a Deus em momentos quando estou absolutamente sozinho com Ele, especialmente nas madrugadas, do que quando estou na igreja.

 

Algumas pessoas se sentem mais a vontade quando estão dentro da igreja; outras ficam mais a vontade quando estão sozinhas com Deus em um ambiente sem ninguém ficar observando ou chamando atenção. Isso varia de pessoa a pessoa. O fato é que é extremamente errado chegarmos a dois extremos equivocados. O primeiro extremo é aquele que diz que não tem que ir à igreja coisa nenhuma. Isso contraria diretamente aquilo que escreve o autor da epístola aos Hebreus, que diz:

 

“Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia” (Hebreus 10:25)

 

O segundo extremo é dizer que é somente na igreja que nós somos edificados, o que é um grande equívoco, uma vez sendo que muitas pessoas (incluindo o próprio Jesus) buscam a Deus mais ainda quando estão sozinhas, orando em algum monte, ou em casa mesmo, passando as madruigadas sem dormir para se encontrar com Ele. Em suma, podemos dizer que ir a igreja é um fator necessário e importante, mas ele só é realmente um fator de edificação espiritual quando vem acompanhado de uma verdadeira busca a Deus. Alguém pode até ser pastor, morar na igreja, dormir na igreja, viver dentro de uma igreja, e não buscar a Deus coisa nenhuma e dedicar pouquíssimo tempo a Ele.

 

Essa pessoa pode até dormir e acordar na igreja, mas certamente não escapará do fogo do inferno! O fato é que não adianta apenas estar na igreja – precisamos buscar a Deus na igreja! Portanto, embora eu veja as idas a igreja como algo realmente útil e necessário (quando feito da maneira correta), vejo ela como um fator que pode influenciar a busca a Deus (ali dentro) e não como a busca a Deus em si mesma (como é o caso da oração, da leitura bíblica e do louvor). São estes três fatores que são, em si mesmos, busca a Deus. É verdade também que alguém pode orar de várias maneiras diferentes. Podemos fazer aquela oração de guerra, podemos fazer aquela oração de súplicas e ação de graças, podemos fazer oração de petição, e, a que eu mais gosto: podemos fazer aquela oração em que somos nós conversando com Deus, mantendo um relacionamento com Ele como um filho para com o Pai.

 

Não como “mandando” ou “exigindo” algo de Deus, mas se achegando a Ele, conversando com Ele, como um verdadeiro servo, filho e amigo de Deus! Esse relacionamente íntimo com Deus não vem por meio de orações pré-programadas e repetitivas, e nem por meio de orações que são inteiramente voltadas para “conversar com o diabo”, mas sim em meio a um ambiente de conversa com Ele, onde nós nos sujeitamos e nos humilhamos diante da presença Dele. Eu fico triste só em pensar que Deus, lá do céu, esperando nós entrarmos em comunhão com ele mediante a oração, deve ficar profundamente magoado em ver uma pessoa que, ao invés de dirigir uma oração a Ele, dirige a oração ao diabo.

 

Não, eu não estou falando dos satanistas. Por incrível que pareça, eu estou falando de alguns cristãos que insistem em passar horas e mais horas de oração praticamente inteiramente dirigindo as suas “conversas” não com Deus, mas com Satanás, repreendendo-o umas quinhentas vezes por oração (o cara já deve estar bem preso pelo jeito!), das maneiras mais diversas o possível, e dedicam um pequeno tempo para conversar com Deus. Isso deve entristecer profundamente o coração de Deus, tanto quanto seria se a sua pessoa amada fosse ficar brigando com o seu vizinho chato ao invés de vir conversar contigo.

 

Não existe absolutamente nenhuma oração registrada na Bíblia que tenha sido dirigida ao diabo. Existe, no máximo, uma ou outra frase de repreensão a ele. E mais nada. A oração é sempre dirigida a Deus! Imagine Deus esperando com amor você se achegar a Ele por meio da oração, para depois ver que você nem está conversando com ele, mas brigando com algum inimigo?! É evidente que eu não estou proibindo as palavras de repreensão a Satanás, o que certamente deve ser feito, mas dentro dos padrões bíblicos, onde apenas uma única palavra já é o suficiente para repreendê-lo, e não uma oração inteira dirigida a ele:

 

“Ao anoitecer foram trazidos a ele muitos endemoninhados, e ele expulsou os espíritos com uma palavra e curou todos os doentes” (Mateus 8:16)

 

Orações não são dirigidas ao diabo, mas somente a Deus (1Co.11:5; Rm.10:1; Rm.15:30; At.12:5; At.10:2; At.8:24; At.1:24; Zc.8:21-22; Jn.2:7; Jn.4:2, etc). O motivo pelo qual Deus colocou a oração como um meio de entrar em comunhão com ele é precisamente porque nós estamos em comunhão com ele, e não com o diabo! Ninguém entra em comunhão com Deus por estar “brigando com o capeta”; nós entramos em comunhão com Deus em um ambiente de adoração a Ele ou quando falamos com Ele.

 

Esse é o primeiro grande erro de alguns cristãos, que preferem passar horas em confronto com o inimigo, pensando que esta é a melhor forma de vencer uma batalha, quando na realidade a batalha espiritual é vencida em um contexto em que estamos buscando a Deus e adorando-O, quando Ele nos concede a força suficiente para vencer a batalha.

 

Essa vitória não vem por nós mesmos, ou pelo quanto que nós gritamos contra Satanás. Essa vitória vem por meio de Cristo, quando nós entramos em comunhão com Ele, e ele nos concede a graça suficiente que nos basta para vencermos o inimigo e derrubarmos as muralhas à nossa frente. Vamos acordar e crescer, deixando de ser bebês espirituais que entram em oração mais para conversar com o diabo do que com Deus. Vamos somente adorá-Lo, sabendo que ele é fiel, justo e Todo-Poderoso para nos conceder a graça da vitória.

 

Quando Satanás partiu para o ataque contra o ministério de Paulo, conseguindo lançar ele e Silas no cárcere por pregar o evangelho, eles não ficaram gritando contra o diabo nem fazendo barulho contra Satanás ou conversando com ele, amarrando-o e repreendendo-o umas quinhentas mil vezes. Ao contrário, o que eles fizeram foi simplesmente louvar e adorar ao Senhor, por meio de hinos e orações a Ele:

 

“A multidão ajuntou-se contra Paulo e Silas, e os magistrados ordenaram que se lhes tirassem as roupas e fossem açoitados. Depois de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão. O carcereiro recebeu instrução para vigiá-los com cuidado. Tendo recebido tais ordens, ele os lançou no cárcere interior e lhes prendeu os pés no tronco. Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus; os outros presos os ouviam. De repente, houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados. Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram” (At.16:22-26)

 

A chave para vencer as batalhas espirituais não é ficar em confronto direto com o inimigo gritando o tempo todo contra ele, mas sim louvar e orar a Deus, adorando Aquele que é mais do que poderoso para nos livrar de qualquer situação problemática. É num contexto de louvor, oração e adoração a Deus que a batalha é vencida, e não em um contexto de conversas com o diabo! Deus intervém quando nós O adoramos!

 

Durante muito tempo a minha mãe ficou “batalhando” durante horas contra o diabo, dirigindo as suas orações contra o inimigo, pensando que é desta maneira que iria vencer as batalhas. Depois de um bom tempo em que ela praticava isso e mesmo assim só via mais derrota do que vitória, Deus disse para ela: “Somente me adore, eu faço o resto”! Daí para frente, quando ela passou somente a adorar a Deus muito mais do que fazia antes e entregar tudo nas mãos Dele, as coisas foram mudando e as vitórias foram acontecendo.

 

Isso deve ressoar por todos os ouvidos daqueles que acham que brigar com o diabo é a solução da vitória na batalha espiritual: a vitória na batalha vem pela adoração ao Senhor, e não por gritos contra o diabo! É somente desta forma que teremos êxito em nossas vidas espirituais, “não por força e nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor” (Zc.4:6). Aleluia!

 

Eu realmente queria escrever muito sobre todos os tipos de oração e os momentos mais adequados para cada um, mas é óbvio que para falar sobre os tipos de oração seria necessário escrever um livro enorme apenas sobre este tema, que certamente será feito em uma outra opurtunidade. O que resumidamente poderia ser aqui dito, em termos simples, é que não devemos tomar a oração como alguma fórmula mágica, como algumas pessoas estão querendo que a gente pense que é. Não devemos tomar a oração como sendo algo em que nós colocamos “Deus contra a parede” e exigimos dele tudo o que quisermos. A oração não é isso.

 

A oração tampouco é um ambiente em que “conversamos com o diabo”. Deus não fez a oração para nós ficarmos a todo o momento nos dirigindo ao diabo; Deus criou a oração para ser um ambiente em que os Seus Filhos estão em uma completa harmonia e em um completo relacionamento com Ele, conversando com Ele como alguém que conversa com o seu melhor amigo.

 

O fato de Deus ser nosso Pai não é mera “coincidência”. Deus é nosso Pai porque nós devemos se achegar a ele na condição de filhos. Nenhum filho manda no pai, ou pelo menos nenhum deveria fazer isso. A linguagem bíblica de Deus como sendo o nosso amigo (Jo.15:13,15) e como sendo o nosso Pai (Fp.4:20) nos revela que ele quer um relacionamento conosco da mesma forma que nós temos com o nosso pai ou com um amigo nosso. Abraão era “amigo de Deus” (Tg.2:23), e não apenas ele, mas cada um que segue a Cristo:

 

“Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido” (João 15:15)

 

“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” (João 15:13)

 

Em suma, se você quer um segredo para orar mais, não é outro senão este: Converse com Deus! Lembro-me que, quando ainda estava relativamente no início de minha vida cristã, perguntei a um amigo meu quanto tempo que ele orava, e me surpreendi bastante com a quantia que ele me disse. Eu disse algo do tipo: “Uau!” – seguindo de uma pergunta: “como é que você consegue orar tanto?”. A resposta dele simplesmente foi: “Converse com Deus, Lucas. Converse com ele sobre o seu dia, e fique conversando com Ele”. A “chave” da oração é a conversa! É abrir o seu coração para Ele, se derramar na presença Dele, falar para Ele as coisas mais importantes que você contaria a um grande amigo.

 

Por mais que às vezes seja difícil deixar de lado as orações repetitivas (isso é um desafio grande para mim até hoje) ou aquelas em que tudo o que sabemos fazer é exigir algo de Deus, tente conversar com Ele conversando sobre como foi o seu dia, como poderia ser melhor, como você queria que fosse o dia seguinte, sobre as suas pretenções, agradeça a Deus por todas as pequenas e grandes coisas que ele já fez por você, por aquelas que ele está fazendo e também por aqueles que ele irá fazer, seja fiel no pouco para que Deus lhe confie o muito, e fale também sobre as novidades, conte até os mínimos detalhes! Você poderia dizer: “Ah, Lucas, mas ele é Deus... não precisa ficar contando esses ‘detalhes’ para ele... ele já sabe tudo mesmo”!

 

Infelizmente este é o pensamento que mais destrói a mente dos cristãos na oração. Se fôssemos pensar assim, em primeiro lugar não deveríamos orar nunca, pois independente da oração que nós fizéssemos, Ele já sabe o que iríamos orar mesmo! É óbvio que Deus estipulou o princípio da oração para ser aquele momento em que nós estamos na presença Dele conversando como amigos. Imagine se fôssemos levar isso ao pé da letra e pensarmos que não precisa fazer oração nenhuma porque Deus já sabe de tudo.

 

Se fosse assim, a Bíblia toda deveria ser revisada e corrigida, deletando todas as passagens que falam de oração! O fato é que Deus colocou a oração como o princípio mais forte em que nós estamos na presença Dele, porque ele gosta e ama quando um filho seu está buscando a ele com toda a sinceridade de coração. Nós somos seres movidos à adoração; de fato, muitas pessoas sentem um “vazio” existencial por dentro que não pode ser satisfatoriamente preenchido por meio de práticas mundanas, mas apenas por Deus.

 

Não existe uma alegria verdadeira no mundo. O que pode existir, sim, é uma falsa alegria temporária e passageira, que chega ao fim tão logo acaba a “festa”. Depois, tudo o que fica é aquele profundo vazio e a sensação de estar vivendo uma vida sem propósito e objetivo nenhum. O cristão, por outro lado, tem uma paz, mas não a paz do mundo, mas a paz de Cristo. Essa paz é permanente, e não passageira. Ainda que passemos por muitas tribulações e sofrimentos em um dia, a alegria vem pela manhã:

 

“O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Salmos 13:5)

 

Jesus não nos deu a “paz” falsa que o mundo tem, mas sim uma paz verdadeira e permanente, que só ele nos pode oferecer:

 

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27)

 

Resumindo, o ser humano só é preenchido por meio da busca a Deus, e o principal meio de buscar a Deus é através da oração. Da mesma forma, o coração de Deus também é movido à adoração – da adoração que nós fazemos a Ele. Da mesma maneira que nós nos sentimos profundamente preenchidos quando estamos em adoração a Deus, Ele também se sente profundamente preenchido quando vê a nossa adoração para com Ele. É por isso que ele criou o ser humano, e por isso mesmo que frequentemente no Apocalipse aparecem cenas de constante adoração a Deus. É nos dito que “porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Apocalipse 4:11).

 

Deus é um ser criativo, e o ato de criar lhe satisfaz e dá prazer. Ele é um Ser pessoal e gosta de ter outros seres pelos quais pode ter um relacionamento (comunhão) verdadeiro e genuíno. Deus nos criou por Sua vontade e Seu prazer, para que nós também tivéssmos o prazer de conhecê-Lo. É por isso que Deus instituiu a oração, porque por meio dela estamos deixando de lado aquilo que poderíamos estar fazendo para o mundo, para estarmos dedicando o nosso tempo e a nossa vida ao Senhor. Estamos por meio da oração abrindo mão daquilo que o mundo poderia nos oferecer, para no lugar colocarmos Cristo em evidência, e clamarmos por Ele assim como faríamos com alguém que precisamos muito.

 

Ora, não existe ninguém no qual precisamos tanto quanto Deus. Ele nos quer ver entrando em Sua presença por meio da oração, embora pudesse simplesmente ajuntar os pensamentos de cada um se Ele quisesse, mas deliberadamente decidiu se relacionar conosco por meio de uma prática mais pessoal – a oração – em que conversamos com Deus, assim como fazemos com nossos melhores amigos. Isso nos mostra ainda mais fortemente que Deus não quis que o nosso relacionamento com Ele fosse diferente do que de um amigo pessoal, para o qual contamos todas as coisas. É claro que algumas coisas mudam. Nós não vamos “adorar” o nosso amigo, mas nós adoramos Deus, porque é por meio dele que nós “vivemos, nos movemos e existimos” (At.17:28).

 

Mas o aspecto de pessoalidade e personalidade permanece o mesmo. A comunhão que temos com Deus é no mesmo sentido que temos com as outras pessoas: a fala, a conversa. Oração é mais do que falar com Deus, oração é conversar com Deus! A oração não é apenas o momento em que conseguimos aquilo que queremos de Deus, mas é também o momento onde Deus consegue aquilo que Ele quer de nós! Quando entedemos isso, vemos que Deus não é uma “máquina” ou ser um “impessoal”, mas sim um Ser tão pessoal quanto nós (ou até mais!). Infelizmente muitas pessoas tratam Deus como se fosse uma espécie de “máquina” ou uma “caixinha mágica”, pretendendo descobrir os códigos secretos para ser atendido em uma oração.

 

Muitas pessoas acreditam realmente que se não determinar, não mandar ou não exigir, não verão acontecer nada da parte de Deus. Acreditam que Deus é um sistema complexo como uma “inteligência superior cósmica”, e que se não fizermos uso de todos os mantras e de pensamentos positivistas e de determinismos e de falar diretamente com o diabo, não iremos ter sucesso em nossas vidas de oração. Trágico engano! Não estou dizendo para não ser uma pessoa positivista, mas alguém pode ter muito mais sucesso na oração simplesmente conversando com Ele como se faz com um amigo, do que por meio de “rituais” onde as pessoas ficam presas nisso e acreditam que somente se determinaram e exigirem, é que Deus as atende.

 

Essas pessoas vivem presas e cativas dentro de um sistema em que não existe liberdade na oração, mas imaginam Deus como uma máquina na qual nós só vamos conseguir aquilo que queremos se fizermos uso de todo o nosso arsenal de “determinismos” para convencermos Ele acerca de alguma coisa. Fora do “eu exijo” e do “eu determino”, Deus não pode fazer nada! É como se o Poderoso do Universo estivesse preso aos nossos “pensamentos positivos” e “determinismos”, e que fora disso Ele não tem poder para fazer nada, ou então deliberadamente não quer atuar a não ser que nós comecemos a “mandar”.

 

Como disse um famoso pregador norte-americano já falecido (um dos principais fundamentalistas desta nova ideia): “O que eu gosto é mandar”! Infelizmente para ele, Deus não criou seres que mandam nele, mas somente seres que são mandados por Ele! Constantemente vemos na Bíblia Jesus dizendo que “tudo o que pedirdes em meu nome, eu farei” (Jo.14:14). A palavra sempre utilizada por Jesus é “aiteo”, que, de acordo com o léxico da Concordância de Strong, significa:

 

154 αιτεω aiteo
de derivação incerta; TDNT - 1:191,30; v
1) pedir, rogar, suplicar, desejar, requerer.

 

Ou seja, é pedindo, rogando e suplicando que obtemos aquilo que desejamos da parte de Deus. Não é exigindo algo Dele! Lembre-se: Deus é um ser pessoal, Ele não é uma máquina. Nunca foi! Não existem “fórmulas mágicas e secretas da oração” para você ser atendido. Deus atende a todos os Seus filhos que, com um coração puro e sincero, entram em Sua presença em espírito e em verdade, pedindo (i.e, rogando, suplicando) os seus desejos a Deus, lançando todas as suas ansiedades sobre Cristo, e confiando que Ele tem cuidado de nós.

 

Se Jesus ou qualquer outro apóstolo tivesse a intenção de passar aos seus discípulos coordenações mágicas de oração com palavras de ordem que somente elas podem ligar a algo, então eles teriam feito uso da palavra grega “paraggello”, que significa “comandar, ordenar, exigir”. Ela é usada em Atos 15:5 e em outras passagens cujo contexto é de exigir, ordenar ou determinar algo que seja realizado. Contudo, é digno de nota que ela nunca é utilizada quando o contexto é a oração!

 

3853 παραγελλωparaggello

de 3844e a raiz de 32; TDNT - 5:761,776; v

1) transmitir uma mensagem de um para outro, declarar, anunciar.

2) comandar, ordenar, incumbir.

 

Se a intenção dos apóstolos e escritores da Sagrada Escritura fosse dizer que a oração é algo onde transmitimos a Deus uma declaração de comando, ordem ou exigência (como muitos erroneamente ensinam), eles teriam essa palavra perfeita e pronta, a mão, que poderia ser perfeitamente utilizada caso eles quisessem. Ela faria a ordem exata e correta com aquilo que tais pregadores querem passar ao seu público por meio de seus ensinos. Contudo, os escritores bíblicos nunca passam esta palavra quando o contexto é a oração, mas simplesmente fazem uso daquilo que primariamente significa realmente “pedir”, “rogar” ou “suplicar”.

 

Diante disso, ou os apóstolos eram extremamente inconsistentes e errados na palavra certa que eles poderiam usar, ou eles toda hora “se esqueciam” de utilizar as palavras “certas” que tais pregadores modernos gostariam que eles usassem (e neste caso preferiam “enganar” o público com palavras que transmitem o significado bíblico, puro e simples do “pedir” e “rogar” a Deus em oração, ao invés de “exigir” ou “determinar” algo), ou então realmente o ensinamento bíblico não é que devemos exigir ou mandar em Deus em seja lá que coisa que for, mas devemos simplesmente pedir como filhos fazem com um pai.

 

Ainda mais sabendo-se que o Pai, neste caso, é simplesmente o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Absoluto do Universo, é uma sugestão muito forte de minha parte que apresentemos uma submissão ainda maior! É claro que existem certos contextos em que é necessário “determinar” algo, como por exemplo quando Jesus disse para olhar para o monte e dizer para ele se lançar ao mar (Mt.21:21), ou quando ele mesmo repreendeu a figueira para que ela não desse mais figos (Mt.21:19). Contudo, nestes contextos ele não estava se dirigindo a Deus desta forma. Nem o próprio Cristo se dirigiu ao Pai desta maneira!

 

Ele falou desta forma diretamente com a figueira (ou com o monte). Tal atitude deve ser tomada em algumas circunstâncias especiais, mas nunca quando estamos dirigindo as nossas orações a Deus. Não é errado repreender uma doença ou alguma coisa que seja altamente maléfica (como o próprio diabo), mas nestes casos a palavra de ordem não deve ser dada a Deus (que certamente não se “sujeitará” a sua ordem), mas sim a própria enfermidade ou a própria coisa que lhe está atacando espiritualmente, como (por exemplo) é o caso de repreender ao próprio Satanás, em nome de Jesus.

 

Mas lembre-se do que já foi dito antes: que uma única palavra já é o suficiente e o recomendado para a repreensão. Não são orações inteiras que são feitas na base do “eu exijo” e do “eu determino”, mas sim uma única palavra com relação a algo específico (que não seja Deus) e que precise ser repreendido. A oração, em si mesma, deve ser feita como biblicamente ela é tratada: Dirigindo-se a Deus, na base do pedir, rogar e suplicar. O problema de certos ensinamentos modernos é que eles visam corromper a mente dos incautos com ensinamentos dos quais se inclui orar a todo o momento daquela maneira, dirigindo-se inteiramente a Deus, ou pior ainda: falando o tempo todo com o diabo!

 

Isso é o que deve ser absolutamente rejeitado, pois nem Jesus e nem apóstolo algum ensinou que as orações devem ser dirigidas a outro senão a Deus, ou que devemos exigir ou dar ordens em Deus. Muitos falsos mestres pregam enganos baseando-se em uma ou outra passagem bíblica isolada, e desta forma conseguem enganar a mente de muitos de seus discípulos.

 

Se formos nos fundamentar sobre as passagens isoladas que eles usam, certamente deveríamos presumir que toda oração deveria ser inteiramente feita desta maneira; mas, quando analisamos cuidadosamente o conteúdo total da Sagrada Escritura, ao invés de grifar um ou outro verso isolado “interessante” que eles usam sem exegese alguma, vemos que a ideia de exigir ou determinar algo não convém dentro de orações extensas que devem ser dirigidas a Deus, mas apenas dentro de contextos específicos em que uma única frase de ordem é dita (não a Deus, é claro) a um mal específico, e essa única palavra já é o suficiente para aniquilar com o mal, assim como Jesus fez com o diabo em Mateus 8:16, com a figueira em Mateus 21:19, e disse para nós fazermos com o monte em Mateus 21:21.

 

Infelizmente existem pessoas que acabam sendo ludibriadas e oram horas e mais horas apenas na base da exigência e das ordens, dirigindo essa “oração” para Deus, ou então orando o tempo todo sobre o diabo, por causa de um ensino falso que é transmitido de maneira descontextualizada, servindo de pretexto para essas práticas. É bom que isso seja ressaltado com a intenção de impedir que mais mentes sejam enganadas com este profundo engano. Estou apenas visando não deixar espaço para certos grupos que insistem em pregar que se você apenas pedir em nome de Jesus, não será atendido.

 

Estou apenas visando impedir qualquer pessoa de continuar complicando a fé simples e pura das Escrituras. Paulo rogou (i.e, pediu) a Deus para que fosse curado de sua enfermidade (seu “espinho na carne” – 2Co.12:7). Ele fez isso “rogando” (v.8), isto é, pedindo. Ele não fez uso de sensacionalismos hipócritas ou fórmulas secretas e mágicas que algumas pessoas insistem em dizer que “encontraram” e que, por terem sucesso com isso, querem obrigar todo mundo a só orarem daquele mesmo jeito que ele.

 

Mesmo assim, vemos que Paulo não foi atendido por Deus; ao contrário, recebeu a mensagem de que a graça Dele lhe bastava (2Co.12:9). Isso significa que nem toda oração (nem mesmo a oração de cura) tem que ser atendida exatamente na mesma hora e momento em que nós estamos querendo que aconteça. Paulo afirma:

 

“Deixei Trófimo doente em Mileto” (2 Timóteo 4:20)

 

É óbvio que Paulo nunca iria dizer uma coisa dessas caso todo mundo tivesse necessariamente que ser curado instantaneamente ou receber uma resposta rápida e instantânea de oração a cada momento que precisasse de alguma coisa. Deus tem o tempo determinado por Ele, tem tempo para tudo. De fato, Deus tem o próprio tempo em Suas mãos! Evidentemente muitas respostas de oração podem vir na mesma hora, já outras podem demorar mais. Algumas vezes Deus nos quer ver apenas perseverando, com fé e paciência, para alcançarmos a promessa. Afinal, a promessa não vem senão por meio da fé e da paciência:

 

“De modo que vocês não se tornem negligentes, mas imitem aqueles que, por meio da fé e da paciência, recebem a herança prometida” (Hebreus 6:12)

 

Infelizmente muitos tentam anular essa “fé e paciência”, precisamente porque não tem paciência em Deus e querem de todas as maneiras insistirem em ver Deus fazendo tudo de uma hora pra outra, no tempo e da maneira que eles querem. Essas pessoas impacientes e inconstantes nunca chegarão a alcançar alguma promessa (nem mesmo em oração), pois alguém que não tem paciência não pode alcançar a promessa que vem através da fé e da paciência. Muitas vezes a conquista vem por meio da perseverança, da luta.

 

Sumariando, podemos orar da forma mais apropriada que vemos em cada circunstância específica que nos pareça mais adequada, mas nunca devemos deixar de ter me mente que a oração é, antes de tudo, um ambiente aonde filhos chegam à presença do Pai, onde amigos conversam com o nosso Consolador, onde conversamos com Deus, com ações de graças, petições e súplicas. Achei necessário e oportuno tratar muito resumidamente sobre a oração, pois é impossível falar sobre temas práticos da fé cristã sem abranger também a oração, a fé e as obras.

 

Tais princípios básicos da fé cristã jamais podem deixar de serem abordados em um livro que aborda algum tema prático da fé. Afinal, para vencer o pecado é necessário muito tempo de oração, e para orar é preciso saber orar! Com relação ao louvor e a leitura bíblica, creio que não seja preciso tantas explanações. Todo louvor que engradece o Nome do Senhor deve ser incentivado. Não é o ritmo da música o que mais importa, se ela é mais agitada ou se é mais calma – o que importa é se estamos mesmo adorando a Deus com aquele louvor. Se estivermos engrandecendo o nome Dele, sim – Ele se agrada!

 

Mas devemos evitar essas músicas pseudo-cristãs que se dizem “gospel”, mas não falam do nome de Jesus, não falam de Deus, não pregam os valores cristãos e tem a letra mais voltada para o mundo do que para a Igreja. De nada adiantará cantarmos uma musiquinha com carinha “gospel” se lá no fundo não tem nada que louve a Deus ou adore a Ele. Temos que prestar atenção à letra que estamos cantando ou, de outra forma, estaremos simplesmente dizendo palavras ao ar, ou pior ainda: glorificando os padrões mundanos!

 

Existem excepcionais cantores evangélicos no Brasil e no mundo, compondo e cantando ótimas canções de todos os ritmos e estilos da música gospel, fazendo um trabalho excelente e para o Senhor. Portanto, não é por falta de música decente que um cristão tem que cantar uma música indecente! Você pode louvar a todos os momentos e a qualquer hora. Pode fazer isso até mesmo enquanto escreve algum texto, enquanto arruma a casa, enquanto dirige ou enquanto está de viagem. Pode louvar alto ou baixo, em qualquer lugar e em qualquer situação. O nome do Senhor Jesus Cristo tem que ser glorificado a toda hora e a todo o momento, “a tempo e a fora de tempo” (2Tm.4:2).

 

Infelizmente há muitas pessoas que acham que existe um tempo em que não pode louvar (seja por estar no serviço, no colégio, ou em algum outro lugar público), e por isso ficam com a boca calada e perdem a oportunidade de ser testemunho de Deus naquele lugar. Paulo, no entanto, escreve a Timóteo, dizendo:

 

“Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2 Timóteo 4:2)

 

A tempo e a fora de tempo!!! A versão católica da CNBB para essa mesma passagem traduz:

 

“Proclama a Palavra, insiste oportuna ou inoportunamente, convence, repreende, exorta, com toda a paciência e com a preocupação de ensinar” (2 Timóteo 4:2)

 

Não é apenas quando achamos que está no “tempo adequado” que devemos estar buscando a Deus, mas em todo o tempo (até quando achamos não ser o tempo certo!). E isso nos leva ao terceiro ponto fundamental: A leitura da Palavra. Não vou ficar discutindo ou debatendo sobre exatamente quantos capítulos que se deve ler por dia, até porque não existia a divisão por capítulos e versículos na igreja primitiva para definirmos isso. Mas creio que cada cristão sincero deveria passar pelo menos uns 30 minutos em atenção, reverência e respeito à Palavra do Senhor.

 

É evidente que não estou limitando o tempo de leitura bíblica a apenas 30 minutos por dia, mas apenas especulando uma base. Creio que com tantas pessoas passando horas e mais horas lendo tudo quanto é tipo de livro dos mais diversos gêneros (cristãos ou não-cristãos; escolares ou de auto-ajuda; de ficção científica à documentos históricos), um cristão deveria passar pelo menos lendo meia hora a Sagrada Escritura, se ele passa tanto tempo lendo estes outros livros menores em importância.

 

É óbvio que eu não estou “proibindo” a leitura de outros livros, mas apenas colocando a Bíblia em seu devido patamar – no ápice da prioridade, e não como uma “sugestão”, como muitos fazem! Você pode passar até um dia inteiro lendo a Bíblia, se quiser. É possível terminar de ler o Novo Testamento em apenas 16 horas de leitura constante. George Muller leu a Bíblia inteira mais de 200 vezes, e eu sugiro fortemente que ele não foi o único. É claro que isso não é uma competição de “quem lê mais” ou que todo cristão seja obrigado a ler a Bíblias umas duzentas vezes, mas sim que se você não se esforça em fazer esse “máximo”, pelo menos um MÍNIMO você deveria se esforçar em fazer!

 

Vamos retornar a lógica pela qual nós estamos trabalhando:

 

ORAÇÃO + LOUVOR + LEITURA BÍBLIA = SANTIFICAÇÃO

 

ORAÇÃO LOUVOR LEITURA BÍBLIA = PECADO

 

Já falamos biblicamente sobre a oração, o louvor e a leitura bíblica, e sobre que o pecado é uma consequência destes três fatores, que podem resultar ou em vitória ou em derrota na luta contra o pecado. Vimos que cada um deles tem um significado único e singular, e que para cada um deles a Escritura repetidamente afirma que deve ser praticado sempre... a tempo e a fora de tempo... continuamente... sem cessar. Essa linguagem nos expressa evidentemente algo que deve ser praticado com grande frequencia, e não algo que pode ser “esquecido” em um ou outro dia.

 

É continuamente – sempre – que nós devemos estar orando uns pelos outros e por nós mesmos, assim como é a todo o momento que temos que render louvores a Deus (tire essa ideia do “louvor apenas na hora do louvor da igreja”!), e a leitura da Palavra também deve ser feita com constância. A palavra no original grego utilizada com relação ao louvor naquele texto que passamos de Hebreus 13:15, é “diapantos”, que, de acordo com o léxico da Concordância de Strong, significa:

 

1275 διαπαντοςdiapantos

de 1223e o genitivo de 3956; adv

1) constantemente, sempre, continuamente.

 

Portanto, é com constância, continuamente, sempre, que devemos render louvores a Deus. O mesmo é dito com relação à oração, seguindo-se que é realmente necessário um grande tempo de busca a Deus que deve ser praticado diariamente. A palavra usada em 1Tessalonicenses 5:17 com relação a oração é “adialeiptos”, que significa:

 

88 αδιαλειπτοςadialeiptos

de 1(como partícula negativa) e um derivado de um composto de 1223e 3007; adj

1) ininterrupto, incessante, contínuo.

 

Em outras palavras, a nossa busca a Deus – tanto de louvor quanto de oração – deve ser algo que tem que ser feito não apenas diariamente, mas também continuamente, constantemente, ininterruptamente, continuamente. Devemos praticar o evangelho, não como se fosse algo secundário ou paralelo à vida secular, mas como sendo o princípio e o fim de tudo aquilo que fomos designados para fazer aqui na terra. Jesus Cristo disse:

 

“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (Mateus 6:33)

 

Existe muita, muita gente que busca as coisas acrescentadas, e depois querem “o Reino de Deus”. Não estou falando de descrentes, que nem o Reino de Deus buscam. Estou falando de pessoas dentro da Igreja, “coluna e sustentáculo da verdade” (1Tm.3:15), que colocam em primeiro lugar a televisão, o trabalho, a satisfação da carne, o pecado, os vícios, e depois querem o Reino de Deus! Aquilo que está escrito é uma promessa, ou seja, nunca – em circunstância nenhuma – lhe faltará alguma coisa se você colocar o Reino de Deus em primeiro lugar, e “é impossível que Deus minta” (Hb.6:18).

 

Existem pessoas que acham que existe “vida para Deus e vida para o mundo”, mas eu quero dizer que NÃO; não existe vida se não for em Cristo, pra Cristo e por Cristo; as nossas vidas não valem absolutamente nada se não estiver completamente com os “olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb.12:2), pois “nele vivemos, nos movemos e existimos”(At.17:28). A sua existência é completamente dependente Dele, a sua vida é completamente dependente Dele, voltada para Ele; “Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (1Jo.5:12); cada momento da sua vida tem que e deve ser voltado Àquele pelo qual nos dá a razão de nossa existência!

 

Somente aquele que realmente entende que Deus é a vida e que a nossa vida não pertence a nós mesmos, mas sim Àquele que nos criou parar sermos conforme a Sua semelhança, entende que vida sem Deus, na verdade, significa morte. No texto de Lucas 12:22-31, Cristo ilustra bem essa idéia:

 

“Dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus acrescentou: Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas, quanto ao que comer; nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir. A vida é mais importante do que a comida, e o corpo, mais do que as roupas. Observem os corvos: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros; contudo, Deus os alimenta. E vocês têm muito mais valor do que as aves! Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? Visto que vocês não podem sequer fazer uma coisa tão pequena, por que se preocupar com o restante? Observem como crescem os lírios. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, quanto mais vestirá vocês, homens de pequena fé! Não busquem ansiosamente o que hão de comer ou beber; não se preocupem com isso. Pois o mundo pagão é que corre atrás dessas coisas; mas o Pai sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão acrescentadas (Lucas 12:22-31 - NVI)

 

Amado, não seja como “o mundo pagão”; viva uma vida voltada para Deus, e Ele, como o seu Pai, jamais deixará na mão um filho seu que o busca em espírito e em verdade! Escolha a boa parte, a não a que a não importa:

 

Lucas 10

38 E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa;

39 E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

40 Marta, porém andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.

41 E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;

42 E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.

 

Existem muitas que nesta vida são como Marta; se preocupam com os serviços, com o trabalho terreno, se matam de trabalhar e vivem uma vida para o trabalho do mundo e não para Deus. Quando vêem alguma pessoa que só passa tempo com Deus, criticam e ainda discriminam do por quê de não se unir aos serviços terrenos! O próprio Cristo nos dá o exemplo de como deve ser a nossa vida; uma só coisa é necessária, e essa coisa foi a que Maria escolheu; ficar aos pés de Cristo é a única coisa que realmente importa nesta vida, e isso jamais nos pode ser tirado! Aleluia!!! Amados, “não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem lhes dará” (João 6:27).

 

Pense bem nisso. Quanto tempo você passa fazendo as coisas de Deus e quanto tempo você passa fazendo as coisas do mundo? Quanto tempo você passa adquirindo a sabedoria deste mundo, “que está sendo reduzida a nada” (1Co.2:6), e quanto tempo você passa querendo conhecer cada vez mais a Deus? O que está verdadeiramente em primeiro lugar na sua vida? Conhecê-Lo e prosseguir em Conhecê-Lo é a principal meta de sua vida?

 

Você pode dizer: “Ah, mas eu estou lotado de trabalho até o pescoço! Não tenho tempo para buscar a Deus deste jeito!”. Isso não me impressiona, pois já desde o Egito que Satanás usa dessa tática para esfriar a fé do povo de Deus. Essa tática é realmente muito, muito simples: Jogue trabalho e mais trabalho na carga do povo, para ele não ter tempo de ir buscar ao Senhor!

 

“Naquele mesmo dia Faraó deu ordem aos exatores do povo e aos seus oficiais, dizendo: Não tornareis a dar, como dantes, palha ao povo, para fazer tijolos; vão eles mesmos, e colham palha para si. Também lhes imporeis a conta dos tijolos que dantes faziam; nada diminuireis dela; porque eles estão ociosos; por isso clamam, dizendo: Vamos, sacrifiquemos ao nosso Deus. Agrave-se o serviço sobre esses homens, para que se ocupem nele e não dêem ouvidos a palavras mentirosas” (Êxodo 5:6-9)

 

Satanás na pessoa do faraó exigiu que o povo de Deus (os israelitas) trabalhasse ainda mais severamente do que antes, para não irem prestar culto a Deus em sacrifício ao Senhor! Ou seja, para o povo não buscar a Deus, ele decidiu dobrar o trabalho dos israelitas (que já era escravizado com bastante severidade antes disso). A lógica pela qual faraó fez isso é muito simples: Quanto mais o povo ficar ocupado com mais e mais serviços, menos tempo terão para ir prestar um culto a Deus!

 

E essa tática usada por Satanás não é uma arma apenas daquela época, mas ele também trabalha com certos princípios e conceitos que permanecem inalteráveis ao passar dos séculos, tendo em vista o sucesso que essa tática lhe dá. Afinal, de fato muitos cristãos até hoje passam horas e mais horas e mais horas trabalhando até se “matarem”, daí não terem tempo para Deus, e o mais incrível de tudo: Ao invés de perceberem que estão caindo certinho na armadinha que o maligno armou contra a vida deles, colocam isso como pretexto e desculpa para realmente deixarem de buscar a Deus! E ainda se acham “justificados” por causa disso!

 

Amado, coloque o Reino de Deus em primeiro lugar, e isso implica obviamente em mais tempo, mais vontade, e mais desejo para Deus do que para qualquer outra coisa nesta terra. Mesmo se você trabalha igual ao Julius (pai do Chris daquele episódio legal da TV), tendo dois empregos e trabalhando que nem um cão, você tem que primeiramente colocar um tempo para Deus; o tempo para Deus é prioridade, não ter tempo para Deus significa perder tempo e, portanto, ao invés de tentar “encaixar” algum tempo para Deus no seu tempo, você tem que viver para Deus de modo com que o resto seja encaixado.

 

Portanto, devemos equilibrar a nossa caminhada crista entre buscá-Lo mediante a oração, o louvor a leitura bíblica, e desta forma cumpriremos a palavra que está escrita: “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Os.6:3). Irmãos, digo isso porque a maioria das pessoas não passa um tempo diário de leitura bíblica. Não lêem nem sequer UM ÚNICO VERSÍCULO no dia todo! E ainda querem ir para o Céu!

 

Perdoe-me se você não tem como ler por ser analfabeto ou por estar em uma região isolada onde não tem Bíblias (ou em alguma ilha perdida, ou no Triângulo das Bermudas), mas se você tem uma Bíblia em casa então comece a lê-la! (aliás, se você está lendo este livro, então presumo que você possa ler também uma Bíblia!). O que eu estou tentando dizer aqui é que como é que Deus vai anotar no “livro da vida” o nome de alguém que não lê o Seu próprio livro???

 

Foi o próprio Jesus Cristo que disse: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim” (João 5:39). Os cristãos de Beréia eram nobres por fazerem aquilo que muitos “cristãos” se omitem em fazer: “Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim” (Atos 17:11).

 

Renunciar ao mundo e estar crucificado com Cristo não significa apenas viver um a vida sem nenhum pecado muito escabroso, mas significa também ter uma vida totalmente focada e centralizada Nele, o Cabeça de todas as coisas, uma vida voltada para Ele, vivendo uma vida em que as coisas do mundo já não fazem sentido – são loucura – a vida só faz sentido se for vivendo em Cristo, por Cristo e para Cristo.

 

Se você pensa desta maneira, então coloque em prática isso que você está lendo. Eu não estou dizendo isso para colocar “cargas” sobre as pessoas, pelo o contrário, eu estou é retirando as cargas que Satanás colocou em cima de muitas pessoas da Igreja mediante as pregações que vão contra o evangelho bíblico verdadeiro – essa carga pode não parecer ter tanto peso agora, mas você sentirá o peso dela no dia do Juízo Final.

 

Podemos resumir essa situação da seguinte forma prática: imagine que a sua alimentação diária seja basicamente de arroz, feijão e frango, sendo que cada um desses é fundamental para você permanecer forte para o dia presente e para o dia seguinte. Sem algum destes elementos, você fica mais fraco e debilitado. Sem nenhum deles, você morre!

 

A mesma coisa acontece no quadro espiritual: existem basicamente estes três pilares da fé cristã pelo qual podemos buscar a Deus: a oração, o louvor e a leitura da Palavra. Se você não fizer nada disso, irá simplesmente “naufragar na fé” (1Tm.1:9) e ser um morto espiritual. Se você buscar apenas um destes três, ou apenas dois, ou então os três em pequena quantia, você pode até conseguir sobreviver por algum tempo, mas será alguém fraco ou doente. Quando vier o primeiro inimigo pela frente que você deve derrubar, se achará em condições de fraqueza e, sem força suficiente para derrota-lo, acabará sucumbindo às tentações da vida e perdendo a batalha.

 

Nenhum exército sai para uma batalha sem estar mantido com suprimentos para a viagem e para antes e depois da guerra. Ninguém em sã consciência sai para guerrear dizendo: “Galera, larguem todo o suprimento, toda a água, todo o alimento, vamos somente lutar e lutar”! O dia em que algum comandante passar essa ordem em alguma guerra, essa nação seria simplesmente despedaçada pelas forças adversárias, pois esta outra estaria amplamente suprida, forte e preparada para guerrear, enquanto a nação desse general maluco estaria fraca e debilitada, certamente fraquejaria e sucumbiria em plena batalha, sem muita dificuldade. É apenas quando estamos amplamente supridos que podemos batalhar de igual para igual e vencer a batalha.

 

Não podemos conviver sem a busca a Deus (alimento) que se baseia na oração, no louvor e na leitura bíblica diária, que deve com certa frequência ser acompanhada do jejum para ajudar a matar a carne. Sem busca a Deus, não existe nenhum exército que vai para a batalha – eles simplesmente caem mortos antes de chegarem até o campo inimigo. Com uma busca a Deus modesta ou parcial, o exército pode resistir por algum tempo, mas por debilidade acabará vendo o inimigo prevalecer mais cedo ou mais tarde.

 

É somente quando unimos toda a busca a Deus que se baseia nos fatores recém-mencionados, com grande empenho e determinação, que temos a força necessária para entrar naquele campo de batalha espiritual sem pagar mico e sem passar vergonha, mas derrubando em nome de Cristo todas as forças contrárias que fazem oposição a nós.

 

 

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Por: Lucas Banzoli.

 

Extraído de meu livro: "Como Vencer o Pecado". 

 

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