PARTE 3

 

MINHA RÉPLICA

 

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AS PARTES DELE EM QUE EU O REFUTO ESTÃO EM VERMELHO (ITÁLICO), COM AS MINHAS RESPOSTAS EM SEGUIDA

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Aqui tenho que fazer uma ponderação:

A Igreja Católica nunca pregou nem disse que Maria Salva ninguém, sendo assim seria mais fácil transformá-la logo em deusa. Mas diz que ela participou do Plano Salvífico de Deus, assim como todos nós, porém de forma singular sendo ela a mãe do Salvador. Há aqui uma má interpretação nos textos escritos pelo Magistério.


Algumas considerações que devem ser feitas aqui. Em primeiro lugar, ninguém precisa necessariamente acreditar que algo tenha que ser "Deus" para ser "Salvador". Alguém pode acreditar que algo seja "Salvador" mesmo se não for "Deus". Pegue por exemplo o caso das testemunhas de Jeová, que não creem na divindade do Senhor Jesus Cristo, embora eles creiam que Jesus é Salvador. Por este e outros exemplos vê-se que não é um fator necessário crer que algo é Deus para ser Salvador.

Os católicos creem na participação de Maria como salvadora e co-redentora (veremos isso mais adiante), embora não a chamem abertamente de "deusa" (embora o Afonso de Ligório e outros a chamem). Portanto, os católicos podem atribuir a Maria o caráter de "salvadora", mesmo sem elegê-la oficialmente como "deusa".

Em segundo lugar, é importante aqui ressaltar que o catecismo católico não diz apenas que Maria "participou do plano salvítico de Deus assim como todos nós". Qualquer um que leia o Catecismo Católico sem pré-conceitos vê claramente que este papel de salvação que os católicos atribuem a Maria além de Cristo é singular à ela.

É por isso que não ocorre no Catecismo exemplos de que nós temos o "ofício salvador", ou que somos nós + Jesus que consumamos a "obra de salvação".

Este papel é intrínseco a Maria no Catecismo (e não a nós); portanto a explicação de que no CIC o que está escrito unicamente com relação à Maria é "assim como todos nós" está muito longe de ser considerada verdade.

 

 

Todos os cristãos estão unidos a Cristo na Obra da Salvação, porém Maria mais do que qualquer outra pessoa estava unida Cristo de Forma Impar, pois foi sua mãe.

Veja o que diz o Evangelho de São Lucas:

“E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado, (E uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações. (Lc 2, 34-35 ACF)

Logo Maria Também sofreu, mas isso não quer dizer que ela salva ninguém, mas sim que ela estava unida a Missão de Cristo, evangelizando, como todos os Cristãos fazem.


Mas ninguém aqui está dizendo que Maria não sofreu, caro Rafael. Infelizmente este não é o tema do debate. Todos concordamos que Maria sofreu com a morte de Cristo (assim como os seus discípulos e as outras pessoas piedosas que o seguiam), mas o que não concordamos seja que alguém (seja Maria, seja outra pessoa) faça parte da obra de redenção que somente a Cristo pertence.

Aparentemente você coloca nós juntos, quando diz que "todos os cristãos estão unidos a Cristo na Obra da Salvação". Eu não sei se você diz isso porque realmente crê assim, ou se é somente para camuflar tudo aquilo que o Catecismo Católico diz sobre Maria, como se fosse aplicado para nós também, o que evidentemente não é - pelo menos não na visão do Catecismo Católico.

De qualquer jeito, a Bíblia não afirma nada sobre nós sermos co-redentores com Cristo, e este "argumento do sofrimento" não ajuda muito as coisas.

Todos os cristãos devem evangelizar, prezado Rafael, mas nem por isso eles fazem parte da obra de redenção que somente a Cristo pertence!

 

 

Quem faz a interpretação do texto do catecismo como que a Igreja está dizendo que Maria Salva alguém também teria que fazer a interpretação do texto de Paulo que ele estaria dizendo o sacrifício de Cristo não foi suficiente e que ele (Paulo) o teria que completar.

Colossences 1, 24 “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja.”

Logo ninguem irá esta afirmativa como válida, se formos nos ater para a literalidade das palavras.


Caro Rafael, o texto bíblico acima em lugar nenhum está dizendo que o sacrifício de Cristo não foi suficiente, mas sim que nós temos que cumprir o resto das aflições de Cristo; ou seja, que Jesus fez o sacrifício (completo), mas os homens precisam ouvir essa notícia, pois é com a nossa pregação que o sacrifício completo de Cristo por nós na cruz do Calvário tem o seu valor.

Ou seja, o texto não está falando nada sobre sermos SALVADORES, mas sim sobre fazermos a nossa parte, divulgando o evangelho, assim como Cristo fez a parte dele ao morrer por nós.

Além disso, há muita diferença entre dizermos que porque falta algo a alguém então outro preenche; a dizer exatamente o que ou quem preenche isso. Por exemplo, se estivesse escrito na Bíblia que a redenção de Jesus não é suficiente (situação hipotética, porque é óbvio que o sacrifício de Cristo foi completo e suficiente), nós apenas especularíamos em dizer QUEM o O QUE que completa o sacrifício insuficiente de Cristo.

Mas os católicos resolvem essa situação, colocando Maria ali no meio, onde somente Cristo está.

 

 

Bem aqui não sei se você retirou de algum site ou usou de má fé, precisa ler a totalidade do contexto e não retirar apenas uma parte para tentar dizer o que a Igreja nunca disse:

Não, Rafael, eu li do próprio catecismo católico mesmo. E eu só não passei umas outras quinhentas citações puramente por falta de espaço disponível, pois há um limite de 2048 caracteres por post aqui em cada mensagem do orkut, e a minha resposta tinha que ser breve para ficar dentro deste 1 post, pois não era o debate em si, mas apenas uma parte introdutória.

Por isso eu não passei outras várias passagens, e com respeito a essa mesmo eu poderia ter continuado essa mesma citação com aquela parte que diz que Maria é "invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira", o que também daria um ótimo material para o debate. Mas o ponto central - de Maria ser salvadora - está claro ali no texto, o que dispensa mais comentários.


"...Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira (186). Mas isto entende-se de maneira que nada tire nem acrescente à dignidade e eficácia do único mediador, que é Cristo (187).”

É interessante essa última frase pra quem acredita que Maria Salva, não acha?


Cabe então aos católicos dizerem o que é essa "única mediação de Cristo"... o Pe. Paulo Ricardo já tentou fazer isso, mas eu acho que você não gostaria de ver a "explicação" que ele deu. Basicamente foi isso aqui:

1. Jesus é o único mediador.
2. Mas é o “Jesus-inteiro” (Cabeça + Corpo) que é o único mediador.
3. O Cabeça é Jesus Cristo.
4. O Corpo de Cristo é a Igreja.
5. A Igreja é representada pelos santos.
6. Portanto, os santos também são mediadores!

O raciocínio é tão falacioso que dá até pena de refutar. Mas não é isso que importa, mas sim o fato de que há VÁRIAS diferentes interpretações católicas para a passagem acima.

 

 

Veja que a Missão Salvadora ou o Ofício Salvador de que trata o Texto é o Ofício de Cristo e não dela Maria.

Este é um erro de interpretação gritante daquilo que o texto claramente diz sobre quem é o sujeito a quem se aplica o "ofício salvador".

Pois vamos ver quem é o sujeito do texto:

"Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura ininterruptamente, a partir do consentimento que ela fielmente prestou na anunciação, que sob a cruz resolutamente manteve, até a perpétua consumação de todos os eleitos. Assunta aos céus, não abandonou este múnus salvífico, mas, por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna"

Diante disso, qualquer leigo ou qualquer um que tenha a capacidade de raciocínio simples consegue compreender o fato óbvio de que o texto se aplica totalmente a Maria e não a Cristo. Somente lá no final que Jesus é citado, mas todo o contexto no qual está inserido o "ofício salvador" é aplicado a Maria.

Vejamos:

"...maternidade de Maria"

"...consentimento que ela prestou"

"...assunta aos céus"

"...não abandonou seu múnus salvífico"

"...sua múltipla intercessão"


Ou se você preferir:

"...Ela [Maria] foi assunta aos céus, não abandonando o [seu] múnus salvífico, mas por sua múltipla intercessão [de Maria] continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna"

Não há dúvidas de que se trata de Maria. Isso é tão simples quanto identificar o sujeito da seguinte frase:

"...Elias foi assunto aos céus e não abandonou a sua natureza humana"

Creio que ninguém questionaria que o sujeito nesta segunda sentença é o próprio Elias - o mesmo que ocorre com Maria no caso acima.

 

Agora basta vermos o que significa "múnus":

Múnus
Significado: Encargo a que se impõe a alguém.


Para não falar que eu estou usando de "má fé" nos dicionários, vamos analisar um outro:

Significado de Múnus
S. m. Encargo. Emprego. Ofício. Funções que um indivíduo tem de exercer.


Não adianta. Podemos mostrar o significado em quinhentos dicionários que seria tudo sempre a mesma coisa. É por isso que em algumas outras traduções que eu li já traduzem por "ofício salvador", que equivale ao termo "múnus salvífico", que implica em um encargo, emprego, ofício, função que um indivíduo tem.

-No caso que estamos tratando, tem relação ao encargo de Maria como salvadora!

Isso é realmente muito forte, pois é precisamente isso que se entende por "ofício salvador" ou "múnus salvífico", e essa vem quentinha, direto do próprio catecismo católico!

A salvação, para os católicos, não é somente obra de Jesus Cristo, mas é a união de Jesus com Maria. Além disso, ela não deixou o seu “ofício salvador”. É querer ser ignorante dizer que por “ofício salvador” não se entende que Maria seja salvadora.

Seria o mesmo que alguém dissesse que José tinha o ofício de carpinteiro, mas depois dizer que ele não era carpinteiro. É evidente que se alguém tem o ofício de carpinteiro, ele é carpinteiro. Da mesma forma, alguém que tem o “ofício salvador” (como o catecismo católico atribui a Maria) não pode ser outra coisa senão salvador!

 

 

Bem Santo Afonso nunca quis dizer que Maria Salva para isso é só ver a imensa coletânea de Livros dele e perceber qual era a sua composição gramátical e qual o pensamento dele em relação a salvação.

Tenho um texto explicando todas estas frases, que fazem uso, do Santo Doutor para afirmar que ele dizia que Maria é salvadora, porém não estou achando aqui, qualquer coisa depois eu posto.


Bom, enquanto você não passar as "explicações" desta pessoa que explica as frases ditas por Afonso de Ligório, ele estará continuando dizendo na cara dura aquilo que ele realmente diz: que Maria é salvadora, claro...

Mas já posso ir lhe garantindo que você não encontrará nada, com todo respeito. Pois se você mesmo e nenhum outro católico que eu já conheci já foi capaz de dar explicações sobre essas tais frases claras e explicitas deste autor, não creio que alguém mais irá conseguir contradizer o ÓBVIO que está sendo transmitido através dessas frases:

“Feliz aquele que se abraça amorosa e confiadamente a essas duas âncoras de salvação: Jesus e Maria! Não perecerá eternamente” (“Glórias de Maria”, pag.31)

“Maria, para salvar as nossas almas, sacrificou com amor a vida de seu Filho” (“Glórias de Maria”, pag.47)

“Maria imolou a sua alma para a salvação de muitas almas” (“Glórias de Maria”, pag.47)

“Ide a Maria! O Senhor decretou não conceder favor algum sem a mediação de Maria. Por isso nas mãos dela está nossa salvação” (“Glórias de Maria”, pág.144)

“Salve esperança de minha alma... salve , ó segura salvação dos cristãos , auxílio dos pecadores, defesa dos fiéis, salvação do mundo” (“Glórias de Maria”, pag.98)

 

“Em vós, Senhora, tendo colocado toda a minha esperança e de vós espero minha salvação” (“Glórias de Maria”, pag.147)


“Acolhei-nos sob a vossa proteção se salvos nos quereis ver; pois só por vosso intermédio esperamos a salvação” (“Glórias de Maria”, pag.147)

Bom, poderia ficar aqui durante HORAS apenas passando mais outras inúmeras citações deste autor, mas acho melhor irmos direto àquelas duas que eu pessoalmente mais gosto:

“Muitas coisas se pedem a Deus, e não se alcançam. Pedem-se a Maria, e conseguem-se” (“Glórias de Maria”, pag.118)

“Se Maria é por nós, quem será contra nós?” (pagina 90)

Fala sério.... este cara está mais para comediante e do que para "santo" e "doutor".

Mas infelizmente é um comediante herege.

 

 

E mesmo que ele quisesse realmente dizer que Maria Salva, isto seria uma mera opinião pessoal dele, não fazendo isso uma crença de toda Igreja apostólica.

Ora, se isso é heresia e não doutrina da Igreja, então por que não excomungou este cidadão? Por que a Igreja apenas buscou propagar e divulgar durante séculos os seus escritos? Por que o elevar ao patamar de “santo” da Igreja? Será que um herege pode ser “santo”?

Será que algum que blasfemou tanto contra a única mediação de Cristo – o nosso único e suficiente salvador – pode ser “doutor” de uma Igreja que realmente se considere ser de Jesus Cristo? Por que a Igreja não apenas tolerou sujeitos como esse, mas também divulgou amplamente as suas obras que são constantemente lidas até os dias de hoje?

Ora, é óbvio pelo bom senso que a Igreja Católica não se incomodava nem um pouquinho que seja com aquelas citações de Ligório. Muito pelo contrário, tanto concordou que canonizou e declarou como “doutor” da Igreja essa pessoa, mesmo depois de ter dito todas essas coisas em alto e bom som, e sem se retratar em momento algum.

-A própria Igreja jamais buscou explicações ou retratações da parte dele.

Ela poderia caçar as “bruxas”, os “hereges”, queimar até a morte os que não concordavam com Roma e torturar até o último suspiro aqueles que ousaram pregar coisas diferentes daquilo que pregava a Igreja. Mas com o Ligório ela não está nem aí.

 

 

Está é a mesma crença da Igreja Católica. Depois de ter ido a vários movimentos católicos, seminários, conversar com modernistas e tradicionalistas ir em cursos de teologia, nunca vi ninguém pregando que outro alguém nos salve, nem mesmo os mais marianos.

Eu até gostaria que isso fosse verdade, Rafael. Eu gostaria muito - e de fato sonho com o dia - de ver os católicos sendo devotos somente de Cristo, crendo que Jesus Cristo é único Senhor e único Salvador da vida deles.

Mas infelizmente o exemplo do santo e doutor da Igreja, Afonso de Ligório, não é uma "exceção".

Ele faz parte de um grupo muito maior, de pessoas que simplesmente passaram a desprezar o evangelho bíblico, puro e sincero, de devoção somente a Cristo:

2 Coríntios 11
2 O mesmo zelo que Deus tem por vocês eu também tenho. Porque vocês são como uma virgem pura que eu prometi dar em casamento somente a um homem, que é Cristo.
3 Pois, assim como Eva foi enganada pelas mentiras da cobra, eu tenho medo de que a mente de vocês seja corrompida e vocês abandonem a devoção sincera e pura a Cristo.

Dois mil anos depois, e os católicos estão perdidos e afundados no maior envolvimento e devoção a "santos" e "santas", abandonando a devoção pura e sincera somente a Cristo, para cumprir aquilo que está escrito:

Romanos 1
25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.

O próprio Pe. Paulo Ricardo, sem rodeios, afirmou ser Maria co-redentora:

http://www.webtvcn.net/video/maria_modelo_de_amor_a_Deus


Temo que este também seja o destino de muitos outros católicos, que infelizmente já deixaram de lado a devoção pura somente a Cristo há muito, muito tempo.

Amigavelmente,
Lucas Banzoli.