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De acordo com as lendas papais, Pedro esteve exercendo seu primado em Roma durante 25 anos até a sua morte, que se deu em 67 d.C. Isso significa que Pedro foi bispo de Roma desde 42 d.C, pregando ali o evangelho como o Sumo Pontífice dos cristãos. Roma, portanto, seria a Sé Apostólica, a sede do papa, e, por conseguinte, da fé cristã – assim como o Vaticano é hoje para os católicos. Mas será isso tudo verdade, à luz da Bíblia? É isso o que iremos analisar a partir de agora.
Pouco antes de sua ascensão aos céus, Jesus disse:
“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1:8)
Logo no primeiro capítulo de Atos podemos ver o Senhor Jesus dizendo aos seus discípulos com precisão onde eles seriam suas testemunhas. Como o evangelho deveria ser pregado a “toda criatura”(Mc.16:15), ele afirma que seu nome seria anunciado até os “confins da terra” (At.1:8). Mas note que ele citou três locais onde mais precisamente o evangelho seria ensinado, que seriam os primeiros “centros” do Cristianismo naquela época.
Se Roma tivesse a função de ser a sede do episcopado papal, certamente não poderia deixar de ser mencionada nominalmente em um dos primeiros lugares. Afinal, ela seria nada a mais e nada a menos do que a principal sede de todo o Cristianismo! Mas Cristo não dá nenhuma ênfase ao evangelho sendo pregado em Roma, como se viera a ser a “Sé Apostólica”, mas cita nominalmente apenas Jerusalém, Judeia e Samaria, e, de forma geral, avançando até os confins da terra.
Mais à frente, no capítulo 8, lemos que, como consequencia da perseguição levantada contra os cristãos, “todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria” (At.8:1). Ou seja: nem Pedro e nem qualquer outro apóstolo colocou um pé para fora de Jerusalém até aquele momento! A essa altura, Pedro já deveria estar deixando Jerusalém para se instalar em Roma como Sumo Pontífice durante 25 anos, como ensinam os católicos. Mas ele não saia de Jerusalém.
Foi somente depois que Samaria ouviu o evangelho que os apóstolos tomaram uma decisão: “enviaram para lá Pedro e João” (At.8:14). Pedro e João, então, deixam Jerusalém e se instalam em Samaria. Alguém poderia pensar que foi neste momento que Pedro aproveitou sua partida a Samaria para se dirigir ao Ocidente e se ocupar da cátedra romana. Mas o que ele realmente fez depois de pregar o evangelho em Samaria foi voltar a Jerusalém, passando apenas pelos povoados samaritanos, e não partindo em direção a Roma:
“Tendo testemunhado e proclamado a palavra do Senhor, Pedro e João voltaram a Jerusalém, pregando o evangelho em muitos povoados samaritanos” (Atos 8:25)
Algum tempo após voltar a Jerusalém, Pedro decide sair em viagens missionárias. Algum católico poderia começar a criar novas esperanças em torno da estadia dele em Roma. Esse seria o momento perfeito para aproveitar e ir pregar em Roma, como querem os católicos. Mas Pedro, “viajando por toda a parte, foi visitar os santos que viviam em Lida” (At.9:32). Ele não foi ocupar um trono em Roma como um papa fixo nesta cidade, mas viajava por todas as partes, e mesmo nestas viagens missionárias não vemos qualquer indicação de ter passado por Roma.
Ao contrário: Pedro é mencionado em muitas cidades, tais como Jerusalém (At.8:1), Samaria (At.8:25), Lida (At.9:32), Cesareia (At.10:1), Antioquia (Gl.2:11) e Jope (At.10:5), mas sobre Roma, que seria a principal de acordo com os católicos, onde Pedro foi papa, onde estava a Sé Apostólica, onde supostamente presidiu por 25 anos... nada! Será que Lucas, escritor de Atos, teria se “esquecido” de mencionar Pedro onde ele mais esteve, embora tenha se lembrado de registrá-lo em outras diversas cidades em viagens de menos importância?
Como se não bastasse, após essas viagens missionárias ele não “voltou a Roma” (como se já estivesse lá) ou “foi a Roma” (como se fosse lá que ele ocuparia seu episcopado), mas subiu novamente a Jerusalém, onde ele costumava estar:
“Os apóstolos e os irmãos de toda a Judéia ouviram falar que os gentios também haviam recebido a palavra de Deus. Assim, quando Pedro subiu a Jerusalém, os que eram do partido dos circuncisos o criticavam, dizendo: ‘Você entrou na casa de homens incircuncisos e comeu com eles’” (Atos 11:1-3)
Além disso, Pedro teve que passar um bom tempo se explicando para os irmãos sobre a razão de ele ter entrado na casa de não-judeus e comido com eles, o que era proibido na visão dessas pessoas. Dificilmente elas teriam feito isso caso vissem em Pedro um pontificado absoluto, uma autoridade infalível em matéria de fé, aquele que detém exclusivamente as chaves do reino dos céus. E o próprio Pedro teria feito uso de tais prerrogativas para repreender tamanha insubordinação com o papa, ao invés de ter que se explicar por um bom tempo, desde o verso 4 até o verso 18.
O relato passa claramente a ideia de que Pedro tinha a mesma autoridade eclesiástica dos demais cristãos, e que por isso foi tão criticado e teve que passar tanto tempo se explicando. Um pouco mais à frente, em Atos 15, vemos o famoso relato do Concílio de Jerusalém, onde os cristãos se reúnem para decidir acerca da necessidade da circuncisão à luz da Nova Aliança, já que alguns cristãos estavam ensinando os gentios a guardarem toda a lei de Moisés e a praticarem a circuncisão para serem salvos.
Aqui reside um detalhe interessante, pois este Concílio ocorreu por volta dos anos de 48-49 d.C. Pela cronologia católica, Pedro já deveria estar reinando em Roma há pelo menos seis anos, e Roma exerceria uma jurisdição universal sobre todas as outras comunidades locais, incluindo Jerusalém. Mas, ao invés dos outros apóstolos irem a Roma tratar a questão com o “papa” Pedro, são os outros que tem que vir tratar a questão em Jerusalém.
Ainda é notável o fato de que em momento nenhum vemos Lucas descrevendo a partida de Pedro saindo de Roma em direção a Jerusalém, mas apenas a narração de Paulo e Barnabé deixando o território dos gentios e vindo a Jerusalém tratar dessa questão com os apóstolos (At.15:4). Isso deixa implícito que Pedro ainda estava em Jerusalém por esta época, e não em Roma. Ele não “chegou a Jerusalém” simplesmente porque não havia saído de lá.
Três capítulos à frente, vemos um valioso depoimento do historiador Lucas, dizendo que o imperador romano Cláudio havia ordenado que todos os judeus saíssem de Roma, razão pela qual Áquila e Priscila deixaram aquela cidade:
“Depois disso Paulo saiu de Atenas e foi para Corinto. Ali, encontrou um judeu chamado Áquila, natural de Ponto, que havia chegado recentemente da Itália com Priscila, sua mulher, pois Cláudio havia ordenado que todos os judeus saíssem de Roma” (Atos 18:1,2).
O edito de Cláudio expulsando os judeus durou do ano 41 até 54 d.C. Por esta mesma época, o escritor latino Suetônio escreveu na Biografia do Imperador Cláudio: “Judacos, impulsore Cresto, assidue tumultuantes Roma expulit”. Que quer dizer: “O Imperador Cláudio expulsou de Roma os judeus que viviam em contínuas desavenças por causa de um certo Cresto (Cristo)”.
Ou seja: aqueles judeus que haviam sido expulsos de Roma é uma referência aos judeus cristãos. Isso torna obviamente impossível que Pedro, como o líder máximo dos cristãos e como o Sumo Pontífice, que supostamente estaria em Roma por esta época exercendo seu primado universal, fosse deixado em Roma sozinho, incógnito, invisível. Se eles expulsaram os cristãos judeus (e Pedro era um cristão judeu) eles não iriam deixar bem exatamente aquele que seria o mais importante deles, Pedro. Logo, durante todos estes anos Pedro não poderia exercer qualquer primado em Roma.
Mais um pouco à frente (cap.23) vemos as palavras de Jesus ao apóstolo Paulo: “Importa que dês testemunho de Mim também em Roma” (At.23:11). Onde será que estava Pedro, que mesmo depois de tantos anos nessa cidade não tornava conhecido o nome de Jesus? Por que Jesus precisava ser testemunhado em Roma, se Roma era bem exatamente onde estava o Sumo Pontífice dos cristãos, se era a Sé Apostólica, se era a “sede” de todo o Cristianismo da época?
Seria o mesmo que afirmar, em uma linguagem mais atual, que o catolicismo precisa ser pregado no Vaticano. Não tem sentido. Haveria muitos outros lugares que Jesus precisaria ser testemunhado, mas não na própria Roma, que seria a Sé Apostólica, onde Cristo já teria sido testemunhado. A não ser que a missão secreta de Pedro tenha sido tão bem sucedida que ele tenha ficado 25 anos naquela cidade sem conseguir testemunhar de Cristo ali. Ou que o catolicismo esteja errado em afirmar que Pedro exerceu um papado em Roma – o que cremos ser muito mais presumível.
No último capítulo de Atos, temos outra informação preciosa que nos ajuda a desmistificarmos o mito de Pedro como bispo de Roma. Já estamos nos anos 60-61 d.C, quando Paulo chega preso a Roma (At.28:11-31), e Lucas registra que os irmãos dali foram vê-lo (At.28:15). Mas onde estava Pedro, que não foi receber seu colega de ministério? Misteriosamente, Pedro não é mencionado entre os que foram recebê-lo em sua chegada a Roma!
Isso é ainda mais surpreendente quando constatamos que era costume dos líderes das igrejas cristãs locais receberem seus missionários, como aconteceu com o próprio Paulo, quando ele foi pela primeira vez a Jerusalém após sua conversão e é registrado que ele se encontrou com Tiago, o líder daquela igreja (Gl.1:19), e em sua última visita Tiago foi novamente recebê-lo (At.21:18). Portanto, se Pedro fosse o bispo de Roma, certamente devia ter feito como Tiago e ter recebido de braços abertos o seu colega de ministério.
Mas, quando Paulo chega a Roma (At.28:11-31), nada de Pedro nos é mencionado! Se Pedro fosse papa em Roma, obviamente seria o primeiro a ser mencionado a receber Paulo! Lucas iria narrar isso sem hesitação, assim como fez quando Tiago foi vê-lo. Mas Pedro não aparece em nenhum dos vinte versos que mostram a estadia de Paulo em Roma! Paulo ficou dois anos em sua habitação em Roma (At.28:30), mas nenhuma vez Pedro foi visitá-lo, nem recebê-lo em sua chegada. Ou Pedro era displicente, ou ele não era bispo de Roma.
Ademais, se Pedro era mesmo papa em Roma, seu ministério não era muito bem conhecido, porque os judeus que lá viviam apenas tinham uma leve ideia do que era o Cristianismo, e precisavam de explicações sobre como era essa religião, razão pela qual Paulo testemunhou sobre Jesus da manhã até a tarde com eles:
“Quando chegamos a Roma, Paulo recebeu permissão para morar por conta própria sob a custódia de um soldado. Três dias depois, ele convocou os líderes dos judeus (...) Eles responderam: ‘Não recebemos nenhuma carta da Judeia a seu respeito, e nenhum dos irmãos que vieram de lá relatou ou disse qualquer coisa de mal contra você. Todavia, queremos ouvir de sua parte o que você pensa, pois sabemos que por todo lugar há gente falando contra esta seita’. Assim combinaram encontrar-se com Paulo em dia determinado, indo em grupo ainda mais numeroso ao lugar onde ele estava. Desde a manhã até à tarde ele lhes deu explicações e lhes testemunhou do Reino de Deus, procurando convencê-los a respeito de Jesus, com base na Lei de Moisés e nos Profetas” (Atos 28:16-23)
Eles não tinham um conhecimento firme sobre a fé cristã, razão pela qual apenas sabiam que “por toda lugar há gente falando contra esta seita”. Em outras palavras, eles conheciam o Cristianismo só de “ouvir falar”, e por essa razão combinaram de se encontrar com Paulo em um dia determinado por eles, para que ele explicasse e testemunhasse sobre a fé cristã. Tudo isso seria paradoxal se Roma fosse a Sé Apostólica, a “sede” do Cristianismo, onde estaria o episcopado papal, onde residiria o “Sumo Pontífice” dos cristãos. Mantendo a mesma analogia de antes, seria o mesmo que Paulo entrasse hoje no Vaticano e falasse sobre a fé católica para as pessoas daquele lugar, e elas não soubessem direito o que era o catolicismo e precisassem de explicações a este respeito!
Seria muito estranho que Pedro já estivesse, a essa altura, em torno de 20 anos exercendo seu papado em Roma, e mesmo assim os romanos não terem um bom conhecimento sobre a fé cristã! Seria explicável caso houvesse apenas alguns cristãos em Roma, para os quais Paulo escreve sua epístola aos romanos, mas não se Roma fosse a própria Sé Apostólica, onde o evangelho já deveria estar tão conhecido quanto o catolicismo é famoso hoje no Vaticano.
Aqueles judeus romanos não estariam pedindo que Paulo explicasse o evangelho para eles se já existisse um pontífice romano muito superior a Paulo reinando naquela cidade há mais de vinte anos. Será que não era tempo suficiente para eles conhecerem o evangelho através de Pedro? Ou Pedro não se fazia conhecido por eles? E o próprio Paulo, por que não foi visitar Pedro em Roma? Pois vemos ele dizendo que, quando chegou a Jerusalém, foi visitar Pedro e Tiago, que lá estavam (Gl.1:18,19).
Pelas mesmas razões óbvias, se Pedro ou algum grande Sumo Pontífice dos cristãos estivesse exercendo seu primado em Roma, Paulo iria se dirigir a ele, como costumava fazer em suas viagens missionárias às outras cidades. Mas Paulo chega a Roma sem qualquer menção de Pedro (At.28:15), prega em Roma sem qualquer sinal de Pedro (At.28:23), e ao invés de se dirigir até a “cátedra de Pedro” fica dois anos inteiros em uma casa que tinha alugado (At.28:30,31), sem qualquer alusão a Pedro ir visitá-lo ou de ele mesmo ter ido até ele!
Se ao longo de todo o livro de Atos não há qualquer indício da passagem de Pedro em Roma, desde 42 até 61 d.C, mas fortes sinais de que ele nunca tinha pisado nesta cidade, a situação piora ainda mais para o catolicismo romano quando passamos às epístolas paulinas, em especial a própria carta que ele escreve aos romanos, onde não há o mínimo sinal, pista ou indício do “papa” Pedro!
Paulo escreveu aos romanos por volta dos anos 57-58 d.C, enquanto estava em Corinto, na casa de seu amigo Gaio, ao final de sua terceira viagem missionária. Portanto, pela cronologia católica, Pedro já deveria estar em Roma há pelo menos 15 anos. Sua presença seria marcante – afinal, era nada menos que o “Sumo Pontífice” dos cristãos, conforme a tese papista. Mas Paulo, escrevendo àquela igreja que estaria sob a jurisdição de Pedro, não menciona Pedro nem no início, nem no meio e nem no fim da epístola.
Ele não diz aos romanos que eles tiveram o privilégio de ser a Sé Apostólica e por ser onde reside o episcopado papal. Ele não diz que eles estavam sendo doutrinados por Pedro. Ao contrário, diz que queria “colher algum fruto entre vocês, assim como tenho colhido entre os demais gentios” (Rm.1:13). Onde estava Pedro, o “príncipe dos apóstolos”, que não havia colhido fruto entre eles? E por que não há sequer uma única menção à liderança de Pedro, ou ao menos à sua pessoa? Por que também não há qualquer referência a Roma ser a “cátedra de Pedro”?
Esses fatos tornam-se ainda mais marcantes em função de que era costume de Paulo citar em suas epístolas os nomes daqueles que exerceram um papel importante em determinada igreja local. Apolo, por exemplo, que teve um importante papel desempenhado na Igreja de Corinto, foi nominalmente citado por Paulo sete vezes em sua carta a eles (1Co.3:6; 3:4; 1:12; 3:5; 3:22; 16:12; 4:6). Aos colossenses, Paulo é ainda mais claro em afirmar que “vocês aprenderam o evangelho por Epafras, nosso amado cooperador, fiel ministro de Cristo para conosco” (Cl.1:5-7).
Se Paulo faz isso em relação a Apolo e a Epafras, que eram líderes com muito menos importância que Pedro na visão católica, como poderia não fazer o mesmo com o próprio papa, Sumo Pontífice e bispo dos bispos, omitindo completamente do início ao fim seu nome e sua função em Roma em toda a epístola?
E, se houve algum momento mais perfeito para Paulo citar Pedro, foi na epístola aos romanos, pois nela há vinte e sete saudações de Paulo aos que estavam em Roma, coisa que ele não faz com tamanha abrangência em nenhuma de suas outras epístolas. Se Pedro fosse papa em Roma, seria completamente imprescindível que ele fosse mencionado nominalmente. Aliás, ele deveria ser o primeiro mencionado, pois seria o primaz, o mais importante de todos que estariam ali. Contudo, uma leitura do último capítulo da carta de Paulo aos romanos fulmina as possibilidades de Pedro ter sido bispo dali, visto que ele menciona vinte e sete nomes (muitos deles desconhecidos no restante da Escritura), mas deixa Pedro de fora:
Pessoas lembradas por Paulo aos romanos
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Referência
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Priscila
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Romanos 16:3
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Áquila
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Romanos 16:3
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Epêneto
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Romanos 16:5
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Maria
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Romanos 16:6
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Andrônico
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Romanos 16:7
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Júnias
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Romanos 16:7
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Ampliato
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Romanos 16:8
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Urbano
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Romanos 16:9
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Estáquis
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Romanos 16:9
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Apeles
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Romanos 16:10
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Aristóbulo
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Romanos 16:10
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Herodião
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Romanos 16:11
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Trifena
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Romanos 16:12
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Trifosa
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Romanos 16:12
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Pérside
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Romanos 16:12
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Rufo
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Romanos 16:13
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Mãe de Rufo
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Romanos 16:13
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Asíncrito
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Romanos 16:14
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Flegonte
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Romanos 16:14
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Hermes
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Romanos 16:14
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Pátrobas
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Romanos 16:14
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Hermas
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Romanos 16:14
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Filólogo
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Romanos 16:15
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Júlia
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Romanos 16:15
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Nereu
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Romanos 16:15
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Irmã de Nereu
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Romanos 16:15
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Olimpas
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Romanos 16:15
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Em compensação...
Pessoas não lembradas por Paulo e que a Igreja Católica diz que era bispo de lá
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Referência
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São Pedro, o papa
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Em lugar nenhum
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Em resumo, Paulo se lembra de mencionar vinte e sete pessoas, a grande maioria das quais não se tem notícia em mais lugar nenhum da Bíblia, sendo meros anônimos, mas daquele que a Igreja Romana arroga ser o mais importante, a pedra sobre a qual a Igreja está edificada, o príncipe e chefe dos apóstolos, o bispo universal, o bispo dos bispos, o Sumo Pontífice e papa infalível, que é Pedro... absolutamente nada!
Se isso não é suficiente para mostrar que Pedro não era bispo de Roma sob nenhuma circunstância, não sabemos que argumento poderia ser capaz de abrir os olhos espirituais daqueles que “tem seus olhos tampados, e não conseguem ver; e suas mentes fechadas, e não conseguem entender” (Is.44:18). De fato, tal evidência é tão forte que obrigou os apologistas católicos a mudarem de estratégia e a chegarem aos maiores absurdos e malabarismos teológicos para conciliarem a ideia de que Pedro era bispo de Roma e não ter sido citado por Paulo aos romanos, nem mesmo quando ele saúda nominalmente vinte e sete pessoas lá presentes.
Como fruto do mais puro desespero, alguns deles inventaram teses mirabolantes, dentre elas a de que Paulo não saudou os romanos na carta aos romanos, mas os asiáticos! Surpreendentemente, esse foi o jeito que eles encontraram para salvar suas teses em um primado de Pedro em Roma. Então, eles se apegam a um único versículo para tentarem “provar” a tese deles. Trata-se deste aqui:
“As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Áqüila e Priscila, com a igreja que está em sua casa” (1ª Coríntios 16:19)
Paulo escreve dizendo que Áquila e Priscila tinham uma igreja na Ásia. Até aí, nada de mais. Mas eles juntam essa passagem com a saudação de Paulo aos romanos, onde ele diz:
“Saudai a Priscila e a Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus” (Romanos 16:3)
Então, os apologistas católicos “ligam os pontos” e descobrem que Paulo mandou os romanos saudarem as igrejas da Ásia Menor, onde Áquila e Priscila estavam. Este é o método pelo qual eles chegaram a essa brilhante “conclusão”. Porém, eles se esquecem de ler o livro de Atos, onde Lucas escreve que Áquila e Priscila eram originalmente de Roma!
“E, achando um certo judeu por nome Áqüila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles” (Atos 18:2)
Notem que Áquila e Priscila eram da Igreja de Roma, na Itália. Eles só haviam saído de lá temporariamente, isso porque o imperador romano Cláudio havia mandado expulsar todos os judeus de Roma. Como Áquila e Priscila (assim como a maioria dos demais cristãos lá residentes) eram judeus, eles tiveram que sair de lá por força bruta e se estabeleceram em outro lugar, na Ásia, até que o decreto de Cláudio chegasse ao fim. Ora, o decreto de Cláudio durou de 41-54 d.C. Depois disso, os judeus estavam liberados para voltar lá, incluindo Áquila e Priscila.
Paulo escreveu sua primeira epístola aos coríntios em Éfeso, onde ficou dois anos (At.18:11,18-23-19.1). Sendo que Paulo chegou em Éfeso em 54 d.C e ficou lá até 55 d.C, e a primeira epístola aos coríntios foi escrita ali, ela é datada nessa época entre 54-55 d.C. Ora, neste tempo o decreto de Cláudio não havia chegado ao fim, ou, se foi em 55 d.C, ele havia mal acabado de terminar.
Neste período em que Paulo escreveu 1ª Coríntios, Áquila e Priscila ainda estavam na Ásia Menor esperando o decreto acabar para poderem voltar à Roma, onde originalmente haviam se estabelecido. Mas quando Paulo escreveu aos romanos, em 58 d.C, o decreto de Cláudio já havia acabado e os judeus (incluindo os cristãos) já estavam liberados a voltar à Itália, incluindo Áquila e Priscila.
Em outras palavras: quando Paulo escreveu 1ª Coríntios, Áquila e Priscila ainda estavam estabelecidos na Ásia por causa do decreto de Cláudio expulsando os judeus de Roma. Mas quando Paulo escreveu aos romanos, anos mais tarde, o decreto já havia chegado ao fim e Áquila e Priscila já puderam voltar para casa. Foi por isso que Paulo enviou saudações a eles. Não por estarem ainda na Ásia Menor, mas porque já haviam voltado a Roma e poderiam receber as saudações de Paulo que escrevia aos romanos.
Outro ponto no mínimo curioso é o fato de que Paulo escreveu sua epístola aos romanos em Corinto. Corinto era uma cidade que ficava na Grécia, localizada aproximadamente entre Roma e a Ásia, de acordo com o mapa geográfico da época. A cidade de Roma ficava a oeste de Corinto, enquanto que a Ásia ficava a leste de Corinto. Dito em termos simples, Corinto ficava entre a Itália e a Ásia, como podemos ver pelo mapa bíblico do Novo Testamento:
Paulo escrevia aos romanos em Corinto. Se ele realmente estivesse mandando os romanos enviarem saudações aos asiáticos, quando ele escreve “saúdem Áquila e Priscila” (a exemplo das demais saudações), ele estaria dizendo nada a mais e nada a menos que aqueles romanos contornassem o mapa mundi da época, atravessassem a Macedônia, chegassem perto de Corinto (onde o próprio Paulo escrevia a carta!), e pegassem um navio direto para a Frígia, na Ásia!
Será mesmo que o apóstolo Paulo seria tão maluco ao ponto de escrever uma carta aos romanos, e não saudar nenhum romano, ao contrário: mandar que estes saudassem os asiáticos, que viviam no outro lado do mundo da época, que saíssem do Ocidente para o Oriente, que contornassem a Macedônia, que pegassem o navio e entregassem as cartas de “saudações” a estes asiáticos?
Isso é absurdo e ridículo, mas é exatamente isso o que pretendem os apologistas católicos com estes argumentos fracassados. Eles dizem que Paulo não estava saudando os romanos, mas estava mandando os romanos saudarem os asiáticos (como se estes vivessem do lado de Roma!). Isso é um absurdo quando vemos que os asiáticos viviam no outro lado do mundo da época, e os romanos não poderiam dar conta de saudar cada uma das várias pessoas que Paulo escreveu na carta! Mesmo na suposição de que Áquila e Priscila continuassem na Ásia e que Paulo tenha escrito para os romanos saudarem eles, como é que os romanos iriam conseguir tal feito, visto que teriam que atravessar o mundo para lograrem êxito?
Para ter uma noção mais precisa das coisas, seria o mesmo que um europeu escrever uma carta para você aqui do Brasil, e além de não saudar nem você nem os demais brasileiros, ainda manda que os brasileiros enviem saudações aos chineses! Dá pra acreditar? Pois é, mas é esse o malabarismo que eles fazem para salvar a crença do episcopado de Pedro em Roma. Eles dizem que Pedro escreveu aos romanos, mas não saudou o seu bispo maior (Pedro), nem nenhum romano, mas mandou que os romanos saudassem cristãos que viviam no outro lado do mundo da época, sem nenhum tipo de tecnologia ou acessibilidade para isso!
E pior: Paulo escrevia em Corinto, que ficava mais próximo da Ásia Menor do que a distância que os romanos tinham em relação a eles. Como já foi demonstrado, Corinto ficava entre a Ásia e a Itália. Ficaria muito mais fácil e acessível, pela distância, que o próprio Paulo saudasse aqueles cristãos que viviam na Ásia do que dizer para os romanos contornassem o planeta para os saudarem!
Portanto, não há escapatórias. Por maior que sejam os malabarismos exegéticos dos apologistas católicos, desesperados em encontrarem algum contra-argumento ao indiscutível e irrefutável fato de que Pedro nunca foi bispo de Roma, eles não se sustentam à luz de uma exegese séria, crítica e pontual.
Além de romanos, outra epístola de grande valia na nossa investigação sobre o ministério apostólico de Pedro é a de Gálatas. Nela, vemos Paulo dizendo que, depois de três anos desde a sua conversão, “subi a Jerusalém para conhecer Pedro pessoalmente, e estive com ele quinze dias” (Gl.1:18). Curiosamente, quando Paulo teve o desejo de conhecer Pedro, ele não se dirigiu a Roma, mas a Jerusalém. Definir quando isso se passou não é muito difícil, pois ao que tudo indica se deu depois da dispersão dos apóstolos, pois Paulo afirma que “não vi nenhum dos outros apóstolos, a não ser Tiago, irmão do Senhor” (Gl.1:19).
A dispersão dos apóstolos se deu tardiamente, já que no início os apóstolos permaneceram em Jerusalém e somente os demais cristãos foram dispersos para pregar o evangelho em outras nações (At.8:1). A essa altura, Pedro já deveria estar em Roma exercendo seu primado papal, mas Paulo deixa claro que, conquanto todos os outros apóstolos tivessem sido dispersos, Pedro e Tiago eram os únicos que não haviam sido, e permaneciam em Jerusalém!
E, por fim, ele declara que Pedro era apóstolo aos judeus (circuncisos) enquanto ele era apóstolo aos não-judeus (incircuncisos):
“Ao contrário, reconheceram que a mim havia sido confiada a pregação do evangelho aos incircuncisos [não-judeus], assim como a Pedro, aos circuncisos [judeus]” (Gálatas 2:7)
Isso fulmina de uma vez por todas com as últimas chances de Pedro ter sido papa em Roma, pois Roma era um território gentílico, isto é, um território não-judeu, predominantemente habitado por cidadãos romanos e não por judeus. E Paulo deixa claro que a Pedro não havia sido confiado o evangelho para os incircuncisos, mas para os judeus! Ora, se Pedro fosse papa em Roma, então estaria entre os incircuncisos e consequentemente seria apóstolo dos não-judeus.
A antítese entre Paulo e Pedro que é aqui estabelecida, com a afirmação categórica de que Paulo era apóstolo aos não-judeus e Pedro aos judeus, deixa óbvio que Pedro não exercia um primado em Roma, que é um território não-judaico, habitado por incircuncisos. Paulo estaria mentindo descaradamente ao dizer que ele era apóstolo aos não-judeus e Pedro apóstolo aos judeus, caso Pedro também fosse apóstolo aos não-judeus, porque seu ministério seria em Roma! A isso, Paulo acrescenta nos versos seguintes:
“Pois Deus, que operou por meio de Pedro como apóstolo aos circuncisos, também operou por meu intermédio para com os gentios. Reconhecendo a graça que me fora concedida, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas, estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de comunhão. Eles concordaram em que devíamos nos dirigir aos gentios, e eles, aos circuncisos” (Gálatas 2:8,9)
Novamente, a confirmação da parte de Paulo: Pedro era apóstolo e pregador do evangelho aos circuncisos [judeus], enquanto ele era apóstolo aos incircuncisos [não-judeus]. Por que razão Paulo era apóstolo dos gentios e não dos judeus? Simples, porque Paulo atuava entre os gentios. Se Pedro também atuasse entre os gentios (Roma) então necessariamente deveria ser considerado apóstolo como Paulo: aos incircuncisos – aos gentios!
É lógico que Paulo jamais imaginou que Pedro assim como ele também atuasse entre os gentios. Ele não faria essa distinção tão nítida presente nesse contraste entre o ministério dele e o de Pedro se o de Pedro não fosse realmente voltado aos judeus, e não aos estrangeiros. Podemos, a partir da descrição paulina, traçar um paralelo que define bem onde atuavam alguns dos principais nomes do cristianismo primitivo:
Paulo e Barnabé
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Tiago, Pedro e João
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Ministério entre os gentios [não-judeus] – Gl.2:9
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Ministério entre os judeus [circuncisos] – Gl.2:9
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Corrobora com isso também o fato bíblico de que é evidente que Tiago atuava entre os circuncisos (judeus), em Jerusalém (Gl.1:19; At.21:18), que é igualmente claro que Paulo atuava entre os gentios, os não-judeus (At.18:6), e Pedro, igualmente com Tiago, era “apóstolo aos circuncisos” (Gl.2:8), a quem havia sido “confiada a pregação do evangelho aos circuncisos” (Gl.2:7), ou seja, aos judeus. Isso explica o porquê de Pedro encontrar-se em Jerusalém (e não em Roma) quando Paulo desceu para lá (Gl.1:18).
Embora boa parte dos apóstolos já tivessem sido dispersos (Gl.1:19), Tiago e Pedro permaneciam em Jerusalém (Gl.1:18,19; 2:7-9), com seu ministério entre eles. Essa constatação final é, como podemos definir, o “fatality” no mito de Pedro em Roma. E ela é ainda mais apoiada pelo contexto imediato, que nos mostra a despedida de Paulo com eles e que marca a distinção entre o ministério deles e o de Paulo:
“...Eles concordaram em que devíamos nos dirigir aos gentios, e eles, aos circuncisos. Somente pediram que nos lembrássemos dos pobres, o que me esforcei por fazer” (Gálatas 2:9,10)
Ou seja, tal situação marcou uma separação: Paulo voltou aos gentios; Tiago, Pedro e João permaneceram em Jerusalém. Os três pediram que Paulo se lembrasse dos pobres da sua localidade, onde atuariam (Jerusalém), o que Paulo se esforçou por fazer, tanto é que pede assistência na coleta aos crentes pobres de Jerusalém (Rm.15:25:2,26).
Os três (Tiago, Pedro e João) disseram a Paulo para que ele (que estaria entre os gentios) se lembrasse dos pobres da sua localidade (Jerusalém). Portanto, em Gálatas podemos ver que Pedro tinha um ministério em Jerusalém, que tinha sido chamado por Deus não aos incircuncisos (gentios, como os de Roma), mas para os circuncisos (ministério entre os judeus), e que, após a partida de Paulo, ele permaneceu com seu ministério em Jerusalém, e não em Roma.
Finalmente, as evidências finais de que Pedro não exercia nenhum ministério em Roma são as próprias cartas que Paulo escreveu em Roma, mencionando os irmãos na fé que estavam junto a ele naquela cidade, mas nunca mencionou Pedro dentre essas pessoas. As cartas de Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom foram escritas por Paulo no mesmo período (60-61 d.C), enquanto esteve em prisão domiciliar registrada em Atos 28:14-31. Ele estava em uma casa alugada, onde por dois anos esteve livre para compartilhar o evangelho com todos os que se achegassem a ele.
Já a segunda epístola a Timóteo foi escrita nos anos 67 d.C, após o incêndio em Roma, quando Paulo esteve preso pela segunda vez. Em absolutamente nenhuma delas Pedro é sequer mencionado. Paulo costumava saudar as pessoas ao final de suas cartas, e também costumava mencionar pessoas que estavam junto a ele. Se Pedro estivesse em Roma, ele certamente seria mencionado em todas essas cinco cartas que Paulo escreveu em Roma. Afinal, quem seria mais importante a ser mencionado senão o próprio papa da Igreja cristã? Mas vamos analisar como foram as saudações enviadas pelo apóstolo ao final de suas cartas em Roma:
“Epafras[1], meu companheiro de prisão por causa de Cristo Jesus, envia-lhe saudações, assim como também Marcos[2], Aristarco[3], Demas[4] e Lucas[5], meus cooperadores. A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o espírito de todos vocês” (Filemom 1:23-25)
Aqui vemos a menção de cinco pessoas que lá estavam por essa ocasião: Epafras (que também foi citado em outra carta de Paulo escrita em Roma - 1Cl.1:5-7), que estava junto a ele na prisão, e mais quatro que estavam livres: Marcos, Aristarco, Demas e Lucas. Pedro não é citado por Paulo nem entre aqueles que estavam presos com ele, nem entre aqueles que estavam livres e eram seus cooperadores em Roma, em prol do reino de Deus. Seria um absurdo e um disparate inferir que Paulo simplesmente “se esqueceu” de mencionar Pedro, que era o mais importante, mas sempre se lembrou de citar todos os outros bem menos relevantes que o papa!
Em outra de suas cartas escritas em Roma, Paulo diz:
“Saúdem a todos os santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo enviam saudações. Todos os santos lhes enviam saudações, especialmente os que estão no palácio de César[1]. A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o espírito de vocês. Amém” (Filipenses 4:21-23)
Na epístola aos Filipenses, Paulo prefere generalizar ao invés de citar nome por nome como fez em Filemom. Ele cita apenas “os irmãos que estão comigo” (v.21) enviando saudações, sem mencioná-los nominalmente. Mas perceba um detalhe de crucial importância: Paulo faz questão de ressaltar os que estão no "palácio de César”. Ora, por que razão ele faz menção ao palácio de César (um centro político e pagão), mas não faz menção nenhuma ao episcopado papal (ou a “Cátedra de Roma”), que seria muitíssimo mais importante, sendo nada a mais e nada a menos do que a própria sede e centro de todo o Cristianismo, como querem os católicos?
Seria muio mais presumível que Paulo fizesse menção a Cátedra de Roma em lugar de (ou junto com) o palácio de César. Não estou diminuindo a importância daqueles que estavam no palácio de César, mas apenas acentuando o caráter de muito maior valor que seria a sede do Cristianismo romano caso lá realmente residisse o papa. É inadmissível, portanto, crer que Paulo se lembraria dos que estavam no palácio de César mas se esqueceria daqueles que estavam na “Cátedra de São Pedro”! Vejamos também como o apóstolo conclui a sua carta aos colossenses:
“Tíquico[1] lhes informará todas as coisas a meu respeito. Ele é um irmão amado, ministro fiel e cooperador no serviço do Senhor. Eu o envio a vocês precisamente com o propósito de que saibam de tudo o que se passa conosco, e para que ele fortaleça os seus corações. Ele irá com Onésimo[2], fiel e amado irmão, que é um de vocês. Eles irão contar-lhes tudo o que está acontecendo aqui. Aristarco[3], meu companheiro de prisão, envia-lhes saudações, bem como Marcos[4], primo de Barnabé. Vocês receberam instruções a respeito de Marcos, e se ele for visitá-los, recebam-no. Jesus, chamado Justo[5], também envia saudações. Estes são os únicos da circuncisão que são meus cooperadores em favor do Reino de Deus. Eles têm sido uma fonte de ânimo para mim. Epafras[6], que é um de vocês e servo de Cristo Jesus, envia saudações. Ele está sempre batalhando por vocês em oração, para que, como pessoas maduras e plenamente convictas, continuem firmes em toda a vontade de Deus. Dele dou testemunho de que se esforça muito por vocês e pelos que estão em Laodicéia e em Hierápolis. Lucas[7], o médico amado, e Demas[8], enviam saudações” (Colossenses 4:7-14)
Oito pessoas podem ser identificadas na carta que Paulo escreveu de Roma aos colossenses, como estando junto a ele (em Roma). Ele cita Tíquico, Jesus e Onésimo, e mais cinco nomes que já estavam com ele antes, e já tinham sido mencionados em sua carta a Filemom: Aristarco, Marcos, Epafras, Demas e Lucas. Dois fatos saltam aos olhos: o primeiro é que Pedro novamente não é mencionado em Roma pela terceira vez consecutiva, o que anula as possibilidades de Paulo ter amnésia em relação a presença de Pedro em Roma. E a segunda é que ele cita no verso 11 quais eram os únicos que eram da circuncisão que cooperavam com ele em favor do reino de Deus em Roma.
Ele diz que os “únicos da circuncisão” (i.e, os únicos judeus) que estavam com ele em Roma eram Tíquico, Onésimo, Aristarco, Marcos e Jesus. Pedro era judeu de nascença, então deveria estar no grupo dos circuncisos que estavam com Paulo em Roma. Mas ele faz questão de dizer que aqueles que ele havia citado (sem mencionar Pedro) eram os únicos da circuncisão que eram seus cooperadores em Roma (v.11). Portanto, ao dizer “únicos”, ele exclui a possibilidade de haver algum judeu além daqueles citados que estivesse com ele em Roma. Então, não é apenas por Paulo não citar Pedro, mas por ele deixar claro a impossibilidade de Pedro estar em Roma assim como ele, senão ele não diria “únicos”, que exclui a possibilidade de haver alguém mais além dos citados.
Por fim, a segunda epístola de Paulo a Timóteo aniquila de uma vez por todas com o mito de Pedro como papa em Roma porque esse tal papa que a igreja Católica diz que existia novamente não é mencionado:
“Procure vir logo ao meu encontro, pois Demas[1], amando este mundo, abandonou-me e foi para Tessalônica. Crescente[2] foi para a Galácia, e Tito[3], para a Dalmácia. Só Lucas[4] está comigo. Traga Marcos[5] com você, porque ele me é útil para o ministério. Enviei Tíquico[6] a Éfeso (...) Procure vir antes do inverno. Êubulo[7], Prudente[8], Lino[9], Cláudia[10] e todos os irmãos enviam-lhe saudações. O Senhor seja com o seu espírito. A graça seja com vocês” (2ª Timóteo 4:9-12, 21,22)
Nessa última carta de Paulo escrita em Roma, já na sua segunda prisão (67 d.C), quando Pedro já devia estar há 25 anos no poder a essa altura, há notáveis diferenças em relação a carta escrita por ele a Filemom e a carta por ele escrita aos colossenses. Nestes sete anos que se passaram, houve algumas mudanças no cenário: Demas, que o havia acompanhado nas duas últimas ocasiões, já o havia abandonado (v.9), e mais duas pessoas tinham tomado rumos diferentes: Crescente e Tito. Apenas Lucas continuava junto a Paulo. Ao dizer “só Lucas”, ele exclui as chances de haver mais algum outro além dele.
Além disso, nenhum dos quatro irmãos que enviaram saudações a Timóteo (Êubulo, Prudente, Lino e Cláudia) era Pedro. Assim, vemos que Pedro nunca estava com Paulo em Roma, e nem ao menos enviava saudações a alguém!
Quando os católicos se deparam com todas essas evidências bíblicas esmagadoras contra a tese do primado de Pedro em Roma, eles são obrigados a dizer que “Pedro estava de viagem”. Quando Paulo não cita Pedro em Roma aos filipenses, é porque “Pedro estava viajando”. Quando Paulo não cita Pedro em Roma aos colossenses, é porque “Pedro estava viajando”. Quando Paulo não cita Pedro em Roma a Filemom, é porque “Pedro estava viajando”. E quando Paulo não cita Pedro em Roma em 2ª Timóteo, é porque “Pedro estava viajando”!
Em outras palavras, durante dois anos pregando a palavra em Roma sem impedimento algum (At.28:30,31), Paulo não viu Pedro porque este esteve viajando o tempo todo! Ele nunca estava em Roma!
Mas essa tese de que Pedro nunca estava em Roma e estava sempre viajando também não se sustenta à luz do texto que acabamos de conferir, o de 2ª Timóteo 4:10, pois Paulo fala quais eram aqueles que saíram de viagem em alguma missão evangelística e cita Crescente e Tito, e aqueles que o deixaram simplesmente por apostasia, como Demas. Mais uma vez, Pedro não aparece em nenhuma parte, nem mesmo entre aqueles que o deixaram ou saíram de viagem!
Portanto, a conclusão óbvia e inequívoca que podemos chegar é que Pedro não estava em Roma e nem havia saído de viagem!
Por tudo isso, se Pedro tinha mesmo um ministério em Roma ele era secreto, incógnito, invisível, escondido, disfarçado, camuflado e oculto, o que só pode nos levar a concluir que Pedro estava em Roma em missão secreta.
Ou então que ele nunca foi bispo de Roma.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli.
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