SÁBADO: CERIMONIAL OU MORAL?

SÁBADO: CERIMONIAL OU MORAL?

 

Boa tarde amigo, gostaria de dizer que acho muito interessante suas matérias e quero dizer que Deus te abençoe e continue o conduzindo nesse caminho do conhecimento.


Com relação a esse assunto creio que existe um equivoco em seus estudos segue abaixo algumas informações a respeito do porque o sábado é sim uma Lei Moral e não Cerimonial.

 

(Veja os artigos clicando aqui e aqui).

POR FAVOR ASSIM QUE LER ME RESPONDA PARA QUE POSSAMOS DIALOGAR E ASSIM CHEGARMOS A CONCLUSÃO DO QUE REALMENTE É A VONTADE DE DEUS PARA NOSSA VIDA..

ABRAÇO..QUE DEUS O ABENÇOE (Nilson Pereira, Arapongas/PR – 18/11/2011)

 

 

Resposta - Olá, Nilson.

 

Você tocou em um assunto muito importante, que é acerca da guarda do sábado, que, creio eu, seja o principal tema que normalmente divida os adventistas em relação à maioria dos demais evangélicos.

 

Porém, creio eu que esta questão não deva ser assunto de briga ou divisão na Igreja, pelo simples fato de que Paulo já aborda exatamente isto, e diz:

 

“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz (Romanos 14:5,6)

O apóstolo em sua epístola aos romanos aborda dois temas em especial que causavam confusão entre os cristãos recém-convertidos. Um deles era a questão da abstenção de alimentos que Deus criou, e o outro diz questão à guarda de dias específicos. Coincidentemente, são exatamente estes dois temas que dividem adventistas e evangélicos nos dias de hoje.

 

Embora eu geralmente goste de refutar, argumentar, repreender e às vezes até brigar(!) com alguém que propague uma heresia, não creio que esta questão seja razão de briga, pois não creio ser uma “heresia” guardar o sábado ou deixar de guardá-lo. Para mim e para o apóstolo Paulo, o resumo da situação é a seguinte:

 

-Aquele que guarda não condene aquele que não guarda;

 

E:

 

-Aquele que não guarda não despreze aquele que guarda.

 

Paulo escreve acerca disto nas seguintes palavras:

 

“Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou” (Romanos 14:3)

 

O mesmo princípio é válido também para os dias de guarda, pois Paulo aborda também isso exatamente no mesmo contexto, aplicando o mesmo princípio poucos versos adiante:

 

“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz (Romanos 14:5,6)

 

Portanto, discutir sobre o sábado ou sobre alimentos para mim é uma questão tola. Não estou dizendo que é tolice guardar o sábado ou que seja tolice deixar de guardá-lo, mas sim que é tolice brigar por uma questão dessas, que Paulo disse para que eu (que não guardo) não desprezasse você (que guarda), e que você (que guarda) não condenasse eu (que não guardo).

 

Sobre os argumentos principais do primeiro texto, eu creio perfeitamente que devemos dedicar um dia para o Senhor. Porém, muito mais do que isso, eu creio que devemos dedicar a nossa vida para Ele - todos os nossos dias ao Senhor! De fato, dizer que apenas um dia deve ser dedicado ao Senhor é uma heresia, visto que a nossa vida deve ser totalmente voltada em Cristo, por Cristo e para Cristo.

 

Jesus não é um objeto que deve ser buscado uma vez por semana. Não! Jesus é aquele para quem nós vivemos e existimos, que devemos diariamente tomar a nossa cruz e segui-lo, negando a nós mesmos por amor a Ele. Diariamente! Não devemos levar a nossa cruz uma vez por semana nos sábados, mas todos os dias.

 

Eu não guardo o sábado, mas dedico toda a minha adoração a Deus no Sábado. Eu também não guardo o Domingo, mas dedico toda a minha adoração a Deus no Domingo. A questão de buscar a Deus não está girando em torno de observar “este dia ou aquele” para decidir alcançar ao Senhor; mas sim em conquistar Cristo todos os dias, em achar Cristo e ser achado por ele – diariamente.  

 

Odeio a posição de alguns crentes que crêem que só devemos buscar a Deus uma vez por semana, no culto do Domingo. A nossa adoração deve ser diária – o verdadeiro templo somos nós mesmos. O autor de Hebreus também fala sobre isso, o que irei abordar mais adiante em minha resposta.

 

A minha posição sobre isso é aquela expressa por Irineu de Lyon (Séc.II):

Já não mandará guardar um dia de descanso àquele que, todos os dias, observa o sábado, isto é, ao que rende culto a Deus no templo de Deus, que é o corpo do homem” (Irineu, Demonstração da Pregação Apostólica, Cap.96)

Para Irineu, Deus não manda mais guardarmos um dia de descanso, não no sentido literal da Antiga Aliança, onde o homem é totalmente proibido de realizar qualquer trabalho. O sábado era apenas uma tipologia do real descanso, que é o descanso celestial, rendendo culto no templo de Deus, que é o corpo do homem. É por isso que o Novo Testamento NUNCA fala em guardar o sábado literalmente na Nova Aliança, mas mostra o sábado como mera sombra de algo maior que viria depois:

Colocensses 2
16 Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado.
17 Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.

Note que a guarda do sábado era de fato mera “sombra”, mas não do domingo, mas sim do descanso celestial eterno:

Hebreus 4
7 Por isso Deus estabelece outra vez um determinado dia, chamando-o "hoje", ao declarar muito tempo depois, por meio de Davi, de acordo com o que fora dito antes: "Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração”

Apocalipse 14
13 Então ouvi uma voz do céu dizendo: "Escreva: Felizes os mortos que morrem no Senhor de agora em diante". Diz o Espírito: "Sim, eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão”.


A posição adventista de que apenas o chamado “sábado cerimonial” que era sombra é simplesmente falsa, pois Paulo faz questão de diferenciar claramente entre ANOS, MESES e DIAS:

“...não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado”

DIAS DE FESTA = ANOS
LUAS NOVAS = MESES
SÁBADO = SEMANAS


Seguindo esta ordem lógica, só podemos presumir que o próprio sábado semanal não passa de “sombra” de algo que viria depois. O doutor adventista Samuelle Bacchiocchi também concorda comigo neste ponto, pois diz em seu livro sobre a guarda do sábado:

“Outra indicação significativa que contraria o Sábado cerimonial anual é de que estes já estão incluídos na palavra “heortês” e se “sabbáton” significasse a mesma coisa haveria uma repetição desnecessária. Estas indicações mostram fortemente que a palavra “sabbáton” conforme usada em Cl.2:16 não pode referir-se a nenhum dos sábados cerimoniais anuais” (Samuelle Bacchiocchi, “Do Sábado para o Domingo”)

Portanto, os próprios maiores teólogos adventistas mais sinceros e honestos admitem o óbvio: seguindo a coerência e exegese bíblica, o sábado não poderia ser somente os anuais, pois eles já estariam inclusos nos “dias de festa”, sendo, portanto, que o sábado mencionado na seqüência só pode ser “outro” sábado, isto é, o sábado semanal. Confirma com isso o que Paulo escreve aos Gálatas, dizendo:

Gálatas 4
8 Antes, quando vocês não conheciam a Deus, eram escravos daqueles que, por natureza, não são deuses.
9 Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez?
10 Observais dias, meses, estações e anos!
11 Temo que os meus esforços por vocês tenham sido inúteis.

É evidente que o sábado semanal não está excluso aqui também, visto que Paulo fala acerca de “dias, meses, estações e anos” (o sábado também é um “dia”, seguindo-se, por conseguinte, que está incluso na citação de Paulo). Note que Paulo não fala que é inútil guardar o sábado mas útil observar o domingo. Ao contrário, ele generaliza todos os dias como sendo princípios fracos e elementares, visto que isso já foi cumprido na Nova Aliança, na qual a guarda literal de um dia da semana (independente de qual seja) é totalmente desnecessária.

O texto de Paulo aos Romanos também é por demais claro:

“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz” (Romanos 14:5,6)

Aqui o apóstolo Paulo fala de “dias” (o que evidentemente inclui o Sábado, porque o sábado também é um dia), e afirma que tanto o que faz diferença entre dia como aquele que não faz tal diferença, são ambos reconhecidos e aceitáveis diante do Senhor. Ora, se o sábado fosse moral, então obviamente não haveria outra escolha senão guardá-lo. Paulo jamais teria dito que “aquele que não faz caso do dia para o Senhor o faz”, se o sábado fosse moral e não somente cerimonial.

Pegue o seguinte exemplo de um princípio moral, como o “honrar pai e mãe”. Vejamos como o texto perderia totalmente a coerência se tivesse sido dito desta forma:

“Um acha que tem que honrar pai e mãe, mas o outro julga que não tem que honrar pai e mãe. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que honra pai e mãe, para o Senhor os honra, e aquele que não faz caso de honrar o pai e a mãe, para o Senhor não o faz, e ambos são igualmente aceitos diante de Deus”

Será que Paulo poderia ter escrito desta forma? É claro que não! Ora, o “honrar pai e mãe” é um princípio moral, e portanto não pode ser relativizado de maneira nenhuma! Paulo simplesmente teria dito que devemos honrar o pai e a mãe em toda e qualquer circunstância, sem abrir chances para que alguém pense que pode não honrá-los. Vamos pegar um outro exemplo de mais um preceito moral, o que diz que nós não podemos estuprar uma pessoa, por exemplo. Vejamos:

“Um acha que não pode estuprar os outros, mas o outro julga que pode estuprar as pessoas. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente”

É óbvio que isso jamais teria sido dito pelo apóstolo. E por que não? Porque simplesmente ele estaria infringindo um princípio moral, algo que jamais pode ser feito, em circunstância alguma. Mas, como o sábado não é moral, então ele pôde dizer seguramente:

“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz” (Romanos 14:5,6)

O sábado é biblicamente uma “sombra” (Cl.2:16,17), assim como os demais preceitos cerimoniais da lei. Os princípios morais JAMAIS podem ser chamados de “sombras”, precisamente porque eles já são a própria realidade das coisas! Por exemplo, ninguém irá dizer que o princípio moral de adorar somente a Deus era somente uma “sombra” e não a realidade. Este princípio é eterno e imutável, visto que não é uma sombra, mas sim a própria realidade.

Da mesma forma deveria ser com o sábado, caso ele realmente fosse um preceito moral, e não cerimonial. Dito em termos simples, as sombras são meras cerimônias, enquanto que os preceitos morais são princípios que são a própria realidade, à luz da própria Nova Aliança.

Em nenhum lugar do Novo Testamento, já sob a Nova Aliança, você verá Deus mandando ou ordenando a guarda do sábado. Ao contrário, nós o vemos junto aos demais preceitos meramente cerimoniais. Todos os preceitos morais são constantemente repetidos também na Nova Aliança, mas o sábado não é. Isso deve explicar o porquê que o autor de Hebreus disse:

Hebreus 4
3 Pois nós, os que cremos, é que entramos naquele descanso, conforme Deus disse: "Assim jurei na minha ira: Jamais entrarão no meu descanso" — embora as suas obras estivessem concluídas desde a criação do mundo.
4 Pois em certo lugar ele falou sobre o sétimo dia, nestas palavras: "No sétimo dia Deus descansou de toda obra que realizara".
5 E de novo, na passagem citada há pouco, diz: "Jamais entrarão no meu descanso".
6 Entretanto, resta entrarem alguns naquele descanso, e aqueles a quem anteriormente as boas novas foram pregadas não entraram, por causa da desobediência.
7 Por isso Deus estabelece outra vez um determinado dia, chamando-o "hoje", ao declarar muito tempo depois, por meio de Davi, de acordo com o que fora dito antes: "Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração".
8 Porque, se Josué lhes tivesse dado descanso, Deus não teria falado posteriormente a respeito de outro dia.
9 Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus;
10 pois todo aquele que entra no descanso de Deus, também descansa das suas obras, como Deus descansou das suas.
11 Portanto, esforcemo-nos por entrar nesse descanso, para que ninguém venha a cair, seguindo aquele exemplo de desobediência.

Note que o sábado semanal era uma sombra de um bem maior (o descanso celestial), e não a própria realidade em si, à luz da Nova Aliança. Foi por isso que Deus precisou determinar outra vez um “OUTRO DIA” (v.7) – não é mais o sábado – que por sua vez se chama “HOJE”, pois é todos os dias que temos que ouvir a voz do Senhor para que não tenhamos o nosso coração endurecido. Assim, ainda resta um “descanso sabático” para o povo de Deus, que é o dia de “HOJE”, que temos que nos esforçar para entrar.

Em resumo, o sábado semanal judaico era uma cerimônia que era mera SOMBRA das coisas que haveriam de vir (na Nova Aliança), sendo a sombra de um descanso celestial, e nós não temos mais que guardar “apenas” um dia da semana (o sábado), mas sim TODOS eles (o “HOJE”), obviamente não no sentido de não fazer nenhum tipo de trabalho, mas sim de descansar no Senhor esperando a salvação com perseverança diária, para entrar neste descanso (o celestial).

Desta forma, eu creio sim que Deus santificou o dia de Sábado, porém não creio que ele era uma “exceção”. Não é porque Deus abençoou o dia de Sábado que os outros dias são “amaldiçoados”! Todos os dias são santos para o Senhor, porém o Sábado é respaldado de maneira mais especifica porque é ele a sombra dos bens vindouros que viriam adiante na Nova Aliança. Nenhum outro dia da semana (nem mesmo o Domingo) era o observado antes de Cristo ou a tipologia dos bens vindouros. O Sábado detém este fator exclusivo, é por isso que ele é dito especificamente desde o Gênesis.

Poderia ter escrito muito mais, mas creio que este pequeno resumo pode servir para você compreender o meu posicionamento sobre tal assunto importante na teologia.

 

Qualquer coisa é só escrever-me novamente.

 

Um grande abraço e que Deus lhe abençoe.